O contrato da Nike com a seleção brasileira de futebol, assinado ainda na década de 1990, foi citado nesta terça-feira (05) no julgamento do caso Fifa, em Nova York, como um dos casos de pagamentos de propina a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.
O acordo entre a Nike e a seleção brasileira, assinado em 1996, é um marco do marketing esportivo mundial, graças à dimensão e ao valor sem precedentes de US$ 160 milhões.
A acusação partiu do brasileiro José Hawilla, conhecido como J. Hawilla. Dono da empresa de marketing esportivo Traffic, ele fez delação premiada com o governo americano e depôs nesta terça-feira como testemunha de acusação.
Como registrou o contrato da Nike com a CBF, a Traffic foi a responsável pela intermediação do negócio.
No depoimento, ele disse que recebeu uma comissão pelo negócio, repassando metade a Ricardo Teixeira.
Ele não deu detalhes de como ocorreu o pagamento, nem quando ou valores.
A informação veio a partir de uma pergunta do Ministério Público americano. A procuradoria perguntou se Hawilla enviou parte de sua comissão recebida da Nike pelo patrocínio à seleção brasileira como um “pagamento de propina a Ricardo Teixeira”.
A resposta de J. Hawilla: “sim”.
As suspeitas sobre o contrato da Nike são antigas. Em 2001, a CPI da Nike, no Senado, já citava esse acordo. "Numa segunda perspectiva, a remessa ao Ministério Público se faz necessária para efeito de processamento da ação civil pública, a fim de aprofundar a análise do contrato entre a CBF – Traffic – NIKE e das relações dele decorrentes", dizia o documento.
Procurada, a Nike disse que coopera com as autoridades.
"A Nike acredita fortemente em ética e fair play, tanto nos negócios como no esporte, e repudia fortemente toda e qualquer forma de manipulação ou propina. Nós já estamos cooperando -- e seguiremos cooperando -- com as autoridades", disse Ilana Finley, porta-voz da Nike Global.