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Conheça a Bolsonaro Digital, empresa criada para monetizar vídeos no YouTube

Procurado, o presidenciável disse ao BuzzFeed News que só emprestou assinatura para o filho criar a empresa.

A família do presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) criou uma empresa para monetizar vídeos no YouTube. Líder nas pesquisas em que Lula não figura como candidato, o deputado aparece como sócio da Bolsonaro Digital, fundada junto com sua ex-mulher e seus filhos.

Procurado, Jair Bolsonaro disse que desconhece a empresa. “Deve ter sido meu filho que fez essa empresa. Não sei. Eu apenas emprestei minha assinatura e dei procuração. Eu acho que ele criou, não tenho certeza", disse o deputado ao BuzzFeed News.

Ele disse ainda que uma possibilidade seria fazer vídeos na internet, mas não soube detalhar, uma vez que a empresa seria tocada por Flávio Bolsonaro, que é deputado estadual, no Rio.

"Meu filho deu essa ideia no passado e eu falei que não tinha tempo", contou.

Segundo Flávio Bolsonaro, que exerce o mandato de deputado estadual no Rio pelo PSC, a ideia da Bolsonaro Digital é ganhar dinheiro monetizando vídeos no YouTube, mas a empresa ainda não começou a funcionar. Ele não disse quando isso vai acontecer.

“A empresa foi criada, a princípio, para monetizar vídeos do YouTube, sendo que até o momento isso ainda não foi implementado”, disse o filho do pré-candidato. Ele não detalhou que tipo de conteúdo a empresa pretende publicar na plataforma.

Monetizar é um termo técnico para ganhar dinheiro com a visualização de vídeos no YouTube. Quem posta vídeos no site aceita que o YouTube passe a publicar anúncios durante a exibição e, em troca, ganha uma fatia da verba publicitária. Ou seja, quanto mais clique, mais dinheiro.

Jair Bolsonaro é, inegavelmente, um fenômeno na internet. São mais de cinco milhões de seguidores no Facebook, quase um milhão no Twitter e no Instagram, além dos inúmeros memes de páginas de apoiadores, vídeos e correntes no WhatsApp. No Brasil, não há precedente de um político (ou uma família deles) fazendo negócio como youtuber.

Seu canal no YouTube tem quase 500 mil seguidores e alguns vídeos passam de um milhão de visualizações e até mesmo dois milhões.

Esse é o vídeo mais visto. Ele não está "monetizado" - ou seja, não tem propaganda. É uma entrevista coletiva na Câmara em 2014, na qual ele defende a redução da maioridade penal, armas para a população e "direitos humanos para humanos direitos". Diz, ainda, que "quem faz sexo com o órgão excretor não tem que ser melhor que os outros".

Veja este vídeo no YouTube

youtube.com

Enquanto fazia campanha como pré-candidato à Presidência, o deputado registrava a "Bolsonaro Digital" num apartamento residencial de três quartos e colocava como número de telefone um escritório de contabilidade.

Apesar do sucesso do deputado na internet, a vida empresarial de Bolsonaro ainda é desconhecida.

Citações à tal empresa são pífias na internet: há apenas registros em sites com banco de dados de pessoas jurídicas. Nas redes sociais, um dos palcos mais ativos do Bolsonaro, a empresa é praticamente inexistente.

O capital social da empresa é de simbólicos R$ 1.000, dividido entre partes iguais entre Jair Bolsonaro e os filhos. Já a ex-mulher Rogéria tem apenas 0,4% da empresa.

Na prática, isso significa que, caso os vídeos passem a ser monetizados pela Bolsonaro Digital, os lucros iriam automaticamente para os sócios e não somente para a pessoa física do titular do canal do Youtube.

Apesar do deputado dizer desconhecer a empresa, essa é a assinatura dele no contrato que fundou a Bolsonaro Digital.

Os documentos da empresa, registrados na Junta Comercial e obtidos pelo BuzzFeed News, mostram como é a divisão dos lucros, quando houver. Os sócios, se quiserem, podem mudar as regras de distribuição.

Com o nome remetendo a atividades de internet, onde o deputado tem forte base de apoio, a empresa tem como objeto de trabalho duas atividades:

- Marketing e mala direta
- Edição de livros

Ao abrir a firma, Bolsonaro pediu o registro como "microempresa". Na prática isso significa que, naquele momento, a "Bolsonaro Digital" projetava faturar até R$ 360 mil por ano — o que garante uma tributação diferenciada a qualquer empresa desse porte. Para 2018, o governo mudou esse limite para qualquer microempresa, que podem faturar até R$ 900 mil anuais.

Os papeis mostram também que a empresa é tocada pela ex-mulher do deputado. Pelo estatuto da Bolsonaro Digital, Rogéria Bolsonaro tem direito a salário, apesar de ser a sócia minoritária.

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