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Litrão em promoção lota rua em bairro rico de São Paulo e revolta vizinhos

“Tem litrão barato, ambiente top! Virou point da galera! 10/10 <3”

“Litrão barato em bairro de playboy, um oásis em um deserto de gentrificação.” É assim que um internauta resenha no Facebook um bar e padaria que fica no encontro da alameda Jaú com a avenida Rebouças, nos Jardins.

Um apartamento de um quarto bem em frente ao bar está à venda por R$ 410 mil, ou quase R$ 10 mil por metro quadrado, um valor acima do praticado no mercado na cidade (R$ 6.600). Mas nem tudo por ali é caro: o litrão de Brahma sai por R$ 7,50 de segunda a quinta-feira. A dois quarteirões dali, no Misturebar, a mesma garrafa de cerveja sai por R$ 10 (ou R$11, se o pagamento for no cartão).

“É muito amor ter um lugar perto da Paulista que dê pra encher a cara”, diz a estudante Carla Silva, 19, que faz faculdade na região e tinha de atravessar a Paulista para beber no centro até descobrir a promoção do Bella Jaú.

“É uma vibe. Galera animada e perto do ponto de ônibus da Rebouças, que vai chutado até minha casa, no Jardim Umarizal”, diz Michel Lubon, 23, que frequenta o lugar só em dias de semana, quando o litrão cai de preço.

Mas a muvuca trouxe com ela barulho e problemas para quem passa por ali. Em uma noite de quinta de abril, havia mais de cem pessoas em pé na rua. Quando um carro virava da Rebouças, precisava diminuir de velocidade e muitas vezes buzinar para que os pedestres abrissem caminho.

Grupo de Zap

A queixa mais comum, entretanto, é de vizinhos em relação ao barulho. “Nada contra o pessoal se divertir. Eu também fui jovem. Mas hoje sou velha e tenho direito de dormir”, diz a aposentada Myrian Botto, que mora no fim do quarteirão, mas ainda assim diz ser afetada pela poluição sonora.

A vizinhança criou um grupo de WhatsApp para lidar com os distúrbios. “Alguém já ligou pra polícia?”, pergunta um. “Hoje? Já. Ontem também. E na quinta. Não adiantou de nada”, responde outro. Nenhum dos 30 membros quis falar com o repórter do Buzzfeed News, que foi expulso do grupo de WhatsApp.

“Esse pessoal fuma maconha e tem gente vendendo outras drogas abertamente, no meio da rua. É um absurdo”, diz o empresário Carlos Lino, 57, que mora atravessando a rua.

A gerente do Bella Jaú, que se identificou apenas como Milena, disse que foram tomadas medidas contra o incômodo à vizinhança. “Estamos fechando mais cedo, à meia-noite, e vamos aumentar o preço da cerveja.” O litrão de R$ 7,50, diz ela, está com os dias contados. “Vamos voltar a cobrar R$ 10, estava vindo muita gente.”

A aposentada Myrian acredita que o problema passe por si só. “É o lugar da moda. Daqui a pouco, eles acham outro point e nosso quarteirão volta a ficar tranquilo.” A depender do movimento do lugar, que também estava cheio na última segunda, o ânimo parece longe de passar. Ou, como diria uma outra resenha do bar no Facebook: “Tem litrão barato, ambiente top! Virou point da galera! 10/10 <3”

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