Dona Nena aprendendo a ler aos 65 anos prova que nunca é tarde pra nada
O pai e o marido a proibiram de estudar, mas agora ela está na escola. “Eu fico pensando assim: meu Deus, agora tá na minha vez!”.
Izabelle conta no post que, quando era criança, Dona Nena foi proibida de estudar. “Meu pai não me deixou estudar, né? Só trabalhar na lavoura. Nós chorava, mas ele dizia que menina muié não precisava estudar, não. E a minha mãe dizia que estudar servia só pra escrever cartinha pros namorados”.
Izabelle Ferrari / Via Facebook: izabelle.ferrari
Depois de casada, o marido de dona Nena também a proibiu de ir à escola, mesmo ela tentando aprender a ler e escrever escondida. “Comecei a estudar escondido dele. Um dia ele foi fuçar na minha bolsa e viu meu caderno e meu lápis. Perguntou se eu estava estudando. Eu disse que tava sim. Sabe o que ele fez? Pegou meu caderno e rasgou todinho!”.
Finalmente, separada há 20 anos, dona Nena conseguiu realizar o sonho de frequentar uma sala de aula. Ela procurou a escola mais próxima de casa e conseguiu uma vaga.
Izabelle Ferrari / Via Facebook: izabelle.ferrari
O primeiro dia de aula foi muito emocionante. Dona Nena contou no post de Izabelle: “Elas (funcionárias da escola) ficaram emocionadas. Choravam e me abraçavam! Diziam que se todos fossem como eu, nosso país estaria bem!”
Ela estuda numa classe com 22 alunos, com idade entre seis e sete anos. O que não é um problema para ninguém. A coleguinha Yannely, de seis anos, ajuda: “Eu falo as letras que ela vai escrever".
Izabelle Ferrari / Via Facebook: izabelle.ferrari
Aqui na foto ela está ao lado do seu coleguinha João Vitor, de seis anos.
Iracy da Costa Passos, a professora, tem a mesma idade de dona Nena e vê a aula mais velha como um desafio: “A diferença é que pra criança você fala uma vez e ela aprende. A pessoa de idade você tem que repetir cinco, seis vezes. O entendimento é mais difícil".
Izabelle Ferrari / Via Facebook: izabelle.ferrari
"Mas isso não atrapalha o andamento da aula. Pelo contrário. Eu vou lá na carteira da dona Nena e explico baixinho pra ela, mas as crianças não se aguentam: levantam e vão lá me ajudar. Aí, acabam aprendendo duas vezes!”, conta a professora.