36 coisas que você talvez não saiba sobre a Glória Maria
Ela foi a primeira repórter negra da TV brasileira, esteve em mais de 150 países e diz que sofre preconceito até hoje.
A jornalista e apresentadora Glória Maria, de 73 anos, morreu no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (2). Reunimos abaixo 36 coisas que você talvez não saiba sobre a jornalista.
1. Glória Maria foi a primeira repórter negra da TV brasileira. Ela estreou no dia 20/11/1971 em uma reportagem sobre a queda de um viaduto no Rio de Janeiro.
2. Também foi a primeira repórter a fazer um link ao vivo na TV, em 1976, em uma entrada para falar do trânsito do Rio de Janeiro no Jornal Nacional.
3. E estava na primeira transmissão em HD da TV brasileira, no Fantástico em 2007, ao lado de Zeca Camargo.
4. Uma das coisas pela qual ela é conhecida são as entrevistas com celebridades extremamente famosas: os cantores Freddie Mercury, Elton John e Mick Jagger e os atores Harrison Ford, Nicole Kidman e Leonardo Di Caprio já foram entrevistados por ela.
Reprodução Rede Globo
5. Ela conseguiu falar com o cantor Michael Jackson em 1996, no dia da gravação do clipe "They Don`t Care About Us" no Rio de Janeiro. Foi a única jornalista a conversar com ele.
6. Deu tempo deles baterem o maior papo, coisa inalcançável para muita gente: "Depois da entrevista no Dona Marta, ele ficou sentado no chão do barraco comigo. Mais uma vez eu pensei: 'a gente nunca pode julgar as pessoas pela aparência'. Todo mundo dizia que ele queria ficar branco e eu vi o corpo dele tomado pelo vitiligo", contou Glória Maria no programa "Mais Você".
7. Ela também entrevistou a Madonna em 2005. "Tudo que eu imaginava da Madonna foi errado. Ela é uma pessoa simples, acessível e generosa".
8. Mesmo entrevistando tanta gente famosa, Glória disse a uma revista que um dos mais difíceis para ela foi o cantor Roberto Carlos.
9. Ela cobriu momentos marcantes da história, como o atentado ao Rio Centro (em 1981), a Guerra das Malvinas (em 1982), o Rock in Rio I (em 1985), a Olimpíada de Los Angeles (em 1984), a chacina da Candelária (em 1990), entre outros.
10. Em 2005, esteve no festival Carburgo, onde mostrou 15 mil nigerianos brigando para ver quem pescava o maior peixe. Ela era a única mulher em meio a tantos homens.
11. Ela saltou do maior bungee jump do mundo, que fica em Macau, na China, em 2017. São 233 metros de altura, o mesmo que um prédio de 78 andares.
12. Em 2007, ela saiu da órbita da Terra para experimentar a gravidade zero. Foi a única jornalista brasileira a participar deste evento da Nasa.
13. Uma das viagens mais famosas dela foi para a Jamaica, um grande sucesso do "Globo Repórter" que virou um meme na internet depois de ter experimentado a "ganja" a convite de uma vila rastafári.
Reprodução Rede Globo
14. Mesmo com um currículo desse, ela dizia ainda sofrer preconceito: "É uma coisa que não termina, só que ele tem diversas faces. Hoje ele atinge pontos que antes ele não atingia", declarou para a Marília Gabriela no "TV Mulher", exibido em 2016.
15. Na mesma entrevista, ela revelou que, quando era pequena, queria ser branca: "eu me perguntava porque eu era negra. Se era pra sofrer aquilo tudo, por que eu não vim branca como as outras pessoas? Toda criança negra passa por isso".
16. Ela fez terapia para conseguir lidar com o preconceito: "eu fiz 20 anos de terapia, então o racismo não me incomoda mais, o preconceito é uma coisa que existe, eu sempre vou lutar contra, mas não me faz mais mal".
17. Glória Maria foi a primeira mulher a usar a Lei Afonso Arinos contra a discriminação racial no Brasil pois um gerente de um hotel de luxo não queria deixá-la entrar pela porta da frente na década de 1970. Essa lei foi criada em 1951 e transformava em contraversão toda prática de racismo.
18. Ela afirmou nesta entrevista que já recebeu várias propostas para sair da Globo, mas não foi por nunca ter sofrido racismo de seus chefes: "nunca houve racismo. E, quando falo isso, falo da família mesmo. Já recebi várias propostas para sair. Nunca saí por causa disso. Só cheguei onde cheguei porque me abriram espaço".
19. Ela dizia já ter perdido a conta, mas que esteve em "mais ou menos" 156 países.
20. Alguns dos lugares que ela visitou nem existem mais, como os países da ex-Iugoslávia e algumas cidades da Síria.
21. Glória teve muitos passaportes, mas nunca soube quantos: "eu perdi a conta, devo ter uns 15 passaportes", disse no programa da Tatá Werneck.
22. A mala perfeita sempre tinha raquete de frescobol, calça jeans, camisa colorida sem estampa, roupa de verão e de inverno – para o caso de um imprevisto.
23. Ela nunca enjoou de viajar.
24. Já teve de fugir de uma onça no meio do Pantanal.
25. Seu nome completo é Glória Maria Matta da Silva, ela é filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta. Ela adotou duas filhas: Laura e Maria.
26. Faz aniversário dia 15 de agosto e é do signo de leão.
27. Glória trabalhou como telefonista na Embratel enquanto fazia faculdade de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) nos anos 1970.
28. Já fez períodos de 10 dias de jejum a cada seis meses, tomando apenas água.
29. Glória não sabia nadar, nem dirigir.
30. Seu prato predileto era sopa, já seu livro favorito era "O Jogo das Contas de Vidro", de Herman Hess.
31. Ela dizia que o melhor lugar para viver é o Rio de Janeiro.
32. Foi ela quem apresentou a Luciana Gimenez para o Mick Jagger - eles estavam em um jantar no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro.
33. Glória Maria nunca contou sua verdadeira idade e absolutamente ninguém conseguiu comprovar quantos anos ela tinha. No dia de sua morte, foi revelado que ela estava com 73 anos.
34. Em uma entrevista, ela lembrou que fazia topless bem tranquila nos anos 1980. "Eu ia pra praia todo dia, jogava frescobol de fio dental com o Cazuza, fazia topless sem ninguém encher, vivia livre e ia trabalhar de bicicleta três horas da manhã".
35. O estado civil dela sempre foi muito curioso. Glória dizia não ser nem solteira, nem casada: "se eu tô aqui (no Rio de Janeiro), eu tô solteira, se eu tô em algum lugar do mundo, estou namorando", explicou nesta entrevista. E completou: "minha raça vem de uma história de escravidão, de falta de liberdade e eu não quero essa vida pra mim em nenhum nível, sou livre para o que eu quiser fazer".
36. Ela morreu no Rio de Janeiro, em 2 de fevereiro de 2023. Estava tratando um câncer e afastada do "Globo Repórter", que apresentava desde 2010. Será lembrada como um ícone do jornalismo, referência na profissão, no combate ao racismo e na representatividade da mulher preta em lugar de destaque.
