O vereador de São Paulo George Hato (MDB) pediu a cassação do colega Camilo Cristófaro (PSB) sob acusação de injúria racial. Cristófaro aparece em um vídeo criticando Hato e, ao referir-se a ele, faz o gesto de puxar os olhos com as mãos. Hato é de origem japonesa e afirmou que também vai denunciar o caso à polícia.
O corregedor da Câmara, o vereador Souza Santos (PRB), ainda vai designar um relator para analisar se a Casa aceita ou não a denúncia.
"Se puxar o olho é racismo, então o que que virou o mundo agora? É tudo preconceito, racismo?", afirmou Cristófaro ao BuzzFeed News.
Os dois vereadores, que disputam eleitores no bairro do Ipiranga, têm se estranhado publicamente desde maio, quando se encontraram sem querer em atividades distintas no Parque do Ipiranga, onde fica o museu histórico. Cristófaro gravava um vídeo e falava sobre uma emenda feita por ele para beneficiar o local.
Hato chegou para varrer o parque. Houve troca de xingamentos e até um empurrão. Na ocasião, Hato protocolou uma reclamação na Corregedoria da Câmara. Cristófaro afirma que o colega chegou no carro oficial da Assembleia Legislativa, que deveria ser usado pelo pai de Hato, Jooji, que é deputado estadual. George Hato diz que o pai estava no carro e que não houve irregularidade.
Na semana passada, Cristófaro divulgou um vídeo em que critica Hato — e diz "é um cara que faz assim, ó", puxando os olhos com os dedos, ao se referir a Hato.
George Hato foi ao plenário da Câmara, na quarta-feira passada, exibir o vídeo e pedir a cassação do colega. "É um tipo de comportamento que é inadmissível e não pode ser tolerado por nossos parlamentares", discursou Hato.
Hato disse, no discurso, que considerou a cena "de puro e violento racismo".
O vereador George Hato não quis dar entrevista sobre o caso. E Cristófaro enviou ao BuzzFeed um novo vídeo, em que afirma não ter preconceito, apresenta um homem de origem japonesa como seu homem de confiança e volta a fazer o gesto de puxar os olhos com as mãos.
"Só uma pergunta: isso aqui te ofende?", pergunta Cristófaro, puxando os olhos.
"Não", responde Sergio Yamada, que, segundo Cristófaro, é seu braço-direito no gabinete. "Orgulho", acrescenta Yamada.
Cristófaro afirmou que também vai se queixar na Corregedoria sobre o colega. "Estou tomando as medidas contra ele. Ele vai ser [denunciado], sim, por 19 testemunhas, de usar carro oficial e me mandar tomar naquele lugar."