
As sinagogas de São Paulo manterão as portas fechadas mesmo depois do decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desta quinta-feira (26), que passou a considerar as atividades religiosas como serviços essenciais e, assim, criou uma alternativa jurídica para que templos permaneçam abertos, independente de medidas tomadas por Estados e municípios para evitar aglomerações.
Há mais de duas semanas, a decisão dos rabinos foi suspender todas as celebrações físicas e realizá-las online, pelo YouTube e canais da Congregação Israelita Paulista (CIP). Em São Paulo, a quarentena imposta pelo governo estadual começou na semana passada e vai até o dia 7 de abril, podendo ser estendida.
"A nossa sensação, na Congregação Israelita Paulista, é que agora a gente precisa estar próximo de todos os setores da sociedade que estão fazendo um enorme sacrifício, como bares, restaurantes, cinemas, teatros, e que estão fechando suas portas. Nós não vemos motivo para fazer algo diferente nesta hora", disse ao BuzzFeed News o rabino Michel Schlesinger, nesta quinta-feira.
"Temos essa maravilha que é continuar rezando, nos conectando de forma online. É por esse caminho que a gente vai continuar seguindo."

Segundo o rabino, antes de decretar a quarentena em São Paulo, tanto o governador João Doria (PSDB) como o prefeito Bruno Covas (PSDB) consultaram a congregação israelita na semana passada. Os rabinos, no entanto, já haviam decidido por fazer uma quarentena voluntário e passaram a celebrar o Shabat (seu culto semanal) pela internet.
A surpresa, de acordo com a CIP, foi o aumento do número de judeus que passaram a acompanhar as cerimônias online, que nunca tinham sido feitas dessa maneira pelos rabinos no Estado.
"No passado, nós tínhamos cursos e palestras online, mas nunca tínhamos rezado de forma digital. Estamos descobrindo que pessoas que estão afastadas da sinagoga porque são idosas ou moram em regiões distantes em São Paulo ou até em outras partes do Brasil, às vezes em cidades que nem têm sinagoga e rabino, conseguem se conectar dessa maneira", disse Schlesinger.
"Cada uma de nossas atividades tem, no mínimo, mais do que o dobro de participantes na plataforma online do que havia na versão somente presencial. Tem sido uma surpresa muito boa. Em meio a essa crise, a gente tem descoberto novas possibilidades que vão impactar também o nosso judaísmo depois que a crise passar", afirmou o rabino.