Coordenador do programa de governo do PT e pupilo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o tempo do Ministério da Educação (2005-2012), o ex-prefeito Fernando Haddad foi indicado pelo PT neste domingo (5) para assumir o posto de candidato a vice-presidente na chapa com Lula, que está preso e pode ser barrado pela lei da Ficha Limpa.
Aos 47 minutos do segundo tempo, no final da noite deste domingo, PT e PC do B fecharam um pacto no qual a deputada gaúcha Manuela D'Ávila abriu mão de disputar a Presidência para apoiar os petistas.
Embora o PT negue e afirme oficialmente que Lula é a única alternativa, o nome de Haddad vem sendo cogitado há meses como plano B, caso o ex-presidente seja impedido de concorrer à Presidência.
Lula foi condenado em segunda instância a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro e está preso há quatro meses na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
Haddad assumiu o comando do programa de governo e nas últimas semanas integrou decisões importantes da legenda, como a tentativa de negociação com o PC do B. Ontem, na reunião que começou a definir seu nome, Haddad ficou fora, deixando o debate correr solto.
O ex-presidente tentou adiar a indicação do vice até o dia 15 de agosto, data do registro da candidatura, porque queria negociar apoio tanto do PC do B, de Manuela D'Ávila, quanto do PDT, de Ciro Gomes.
As negociações não prosperaram com Ciro. Ele anunciou a senadora Katia Abreu (TO) como companheira de chapa. Já Manuela havia anunciado o sindicalista Adilson Araújo, da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) como vice, mas recuou depois que seu partido decidiu apoiar o candidato do PT.
Os advogados eleitorais, no entanto, aconselharam o PT a lançar o nome do vice ainda no domingo, para evitar qualquer tipo de atrito com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dirigentes afirmaram que o ex-presidente queria esticar a corda para tentar as negociações e evitar que o plano B fosse colocado em andamento antes da hora.
Apesar da formalização das candidaturas dos vices, as direções dos partidos continuam em negociação. A estratégia de Lula envolveu tentativa de apoios de sete partidos: PDT, PSB, PCB, PC do B, PCO, PROS e PSOL, que apoiam que tenha o direito de se candidatar. Desse grupo, conseguiu coalização com os pequenos PCO e PROS e, por último, com o PC do B.
Do PSB, garantiu um acordo de neutralidade, anunciada neste domingo pela sigla.
Militar da reserva
Outro que anunciou seu vice neste domingo foi Jair Bolsonaro (PSL). O candidato é o general da reserva Hamilton Mourão, do Exército, indicado na convenção do PRTB. Mourão é polêmico, em 2015, foi demitido do Comando Militar do Sul e enviado para um cargo burocrático por ter convocado a população a "despertar de uma luta patriótica", em oposição ao governo Dilma Rousseff.
Marília decide ser candidata a deputada federal
Cotada para concorrer ao governo de Pernambuco e escanteada pelo comando nacional do PT, que priorizou um acordo com o PSB no estado, a vereadora Marília Arraes anunciou no início da noite que vai disputar uma vaga à Câmara dos Deputados.
Durante toda a convenção do PT no sábado, o nome de Marília era ouvido nos protestos da militância, que estava inconformada com a decisão do PT de apoiar a reeleição de Paulo Câmara (PSB) em troca do acordo de neutralidade PSB na campanha à Presidência.