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Manifestantes aproveitam a Parada LGBT para afrontar Bolsonaro

"Como o governo Bolsonaro é de extrema-direita, o simples fato de a gente existir já é uma forma de resistência. Ainda mais quando é esse afronte."

"É muito fácil ser resistência na rede social, mas agora tem de mostrar força nas ruas", disse a bancária Gabriela Alcuri, 26, explicando por que resolver sair de Brasília para estrear na Parada LGBT de São Paulo.

Bissexual, ela conta que quase desistiu da viagem pelo preço das passagens, mas que tomou uma decisão: "Minha missão é ir em todas as paradas daqui para a frente".

"Como o governo Bolsonaro é de extrema-direita, o simples fato de a gente existir já é uma forma de resistência. Ainda mais quando é esse afronte", emendou seu amigo Felipe Mayer, 26, hoteleiro, que a hospedou em São Paulo.

É assim, como "afronte", que várias pessoas LGBTI+ ouvidas pelo BuzzFeed News veem a parada deste ano. "A gente existe e você é só 53%", afirmou o advogado Marcos Maciel, referindo-se à votação de Jair Bolsonaro nas eleições.

Adesivos "LGBTs contra Bolsonaro" se espalharam entre os manifestantes.

"Este ano com certeza a parada é diferente porque temos um governo reacionário", afirmou o sociólogo Carlos Henrique de Oliveira, 26, ao lado de Felipe Alencar, 26, professor. "É uma luta muito grande agora", disse Felipe.

Para as namoradas Gabi Calixto, 22, e Camila Lima, 20, a vitória de Bolsonaro fez o preconceito sofrido por elas crescer. "As pessoas te olham mesmo na rua, te julgando. Elas perderam a vergonha", afirmou Camila. "É por isso que este ano temos de mostrar a nossa força", completou Gabi.

Cabeleireira e prostituta, Joyce Beatriz disse que a parada não é um lugar para protestos, mas para celebrar a dignidade de ser LGBTI+. Ela contou que nunca se sentiu vítima de um crime de homofobia, mas que enfrenta constantemente o preconceito contra as mulheres trans.

"As bees sempre vencem!"

Se é para falar de afronte, o estudante Michel Moraes, 18, mandou seu recado. "Ele [Bolsonaro] quis até cancelar a parada e não conseguiu. Tomou na cara dele. As bees sempre vencem. E as bees de São Paulo são as que têm mais voz."

Apesar de esse boato ter se espalhado, não houve nenhuma manifestação de Bolsonaro no sentido de tentar cancelar a parada.

Das 23 paradas da história LGBTI+ de São Paulo, Pepeu participou de pelo menos 20. Para ele, a grande diferença tem sido, este ano, um excesso de cuidado dos participantes.

"As pessoas estão mais cuidadosas, com mais preocupação com perigos", disse ele, enquanto posava para fotos ao lado de um amigo, os dois fantasiados de leopardos.

Na turma de Bruno Maria, 23, nem mesmo os parentes votaram em Bolsonaro. "Minha mãe me disse que não votaria nele porque não queria ver a filha dela morta", contou Carolina Naiara Martins, 20, sob aplauso dos amigos. Único heterossexual do grupo, Renan Coutinho ("desconstruidíssimo", segundo os amigos) exibe um adesivo de protesto contra o presidente.

"Todo mundo já tem fala neste rolê. Como heterossexual, aceito levar tapa na cara para defender a igualdade", disse.


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