A dupla que promoveu o ataque na escola Raul Brasil, em Suzano (Grande SP), contou com um cúmplice adolescente para planejar o massacre — que eles queriam tornar maior do que o de Columbine, no Colorado, que completa 20 anos em abril.
A inspiração no atentado americano, que causou a morte de 12 alunos e um professor, foi confirmada pela polícia por meio de testemunhas ouvidas no curso da investigação —testemunhas que, segundo as autoridades policiais, tiveram medo de denunciar.
"Eles copiaram, e isso já temos materializado, eles queriam demonstrar que podiam agir como aquilo que aconteceu na escola Columbine, nos Estados Unidos, com crueldade e com caráter trágico, para que eles fossem mais reconhecidos do que eles [de Columbine]", disse o diretor-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (14).
Para o diretor-geral, "a motivação tem mais um caráter pessoal de reconhecimento por parte da sociedade em relação à atividade deles dentro da própria comunidade". "Eles não se sentiam reconhecidos", disse. A hipótese de bullying foi descartada como motivação pela polícia. O massacre em Suzano resultou na morte de oito vítimas: cinco estudantes, duas educadoras e o tio de um dos agressores.
No final do atentado, os dois atiradores se suicidaram. A perícia ainda não confirmou a principal tese policial, de que Guilherme atirou em Luiz Henrique e se matou.
O diretor-geral afirmou que foi pedida à Justiça a apreensão do adolescente apontado como cúmplice da dupla. Ele teria ajudado a planejar o crime. Ex-colega de classe e da mesma idade do atirador Guilherme Taucci Monteiro, 17, o suspeito não estava no colégio no momento do crime.
Segundo a polícia, ele já foi ouvido como testemunha e agora é apontado como suspeito. O diretor da Polícia Civil não quis dar detalhes da participação desse adolescente. A participação teria sido aferida com base em depoimentos e no material apreendido na casa de Guilherme que, apesar de ser sete anos mais novo que o outro atirador, seu vizinho Luiz Henrique de Castro, 25, era o líder da dupla.
Ruy Ferraz explicou ainda que a maioria da comunicação entre Guilherme e Luiz Henrique era feita pessoalmente, uma vez que os dois eram vizinhos muito próximos, com uma casa apenas de distância entre eles.
O tio assassinado
A primeira vítima de Guilherme e Luiz Henrique foi o próprio tio de Guilherme, Jorge Antonio de Moraes, 51. Dono de uma locadora de carros, Jorge era conhecido e querido no bairro. O diretor-geral confirmou o que os vizinhos afirmavam ontem à noite: Jorge deu emprego ao sobrinho, mas acabou demitindo o jovem.
"Ele estava se sentindo não reconhecido pelo tio. O tio o demitiu porque ele estava cometendo pequenos furtos", disse Ruy Ferraz.