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A ação era contra o machismo e o sexismo. Esta juíza decidiu condenar o feminismo.

O Ministério Público havia pedido indenização para mulheres expostas a uma situação humilhante.

A juíza Adriana Gatto Martins Bonemer, de Franca (SP), proferiu nesta terça-feira (5) uma decisão que mais parece um julgamento — com condenação — do feminismo.

O caso em questão era a acusação contra um ex-aluno da faculdade de medicina da Unifran que, durante o trote universitário, fez as calouras proferirem um juramento com frases como "me reservo totalmente à vontade dos meus veteranos e prometo sempre atender aos seus desejos sexuais".

O Ministério Público avaliou que o discurso era "machista, misógino, sexista e pornográfico", o que expôs mulheres a uma situação humilhante, e ingressou com uma ação civil pública e um pedido de indenização estimado em R$ 39.920.

Mas, para a juíza Adriana Gatto, condenável foi a representação movida pelo Ministério Público. "A [peça] inicial retrata bem a panfletagem feminista, recheada de chavões que dominam, além da esfera cultural, as universidades brasileiras", criticou a juíza, no texto de sua sentença.

Ela citou na decisão, de forma elogiosa, um livro da deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC), jovem que se tornou um ícone antifeminista no país e que já instigou os alunos a filmarem os professores em sala de aula.

"É bom ressaltar que o movimento feminista apenas colaborou para a degradação moral que vivemos, bem exemplificada pelo 'discurso/juramento' que ora se combate", afirmou a juíza, que julgou improcedente a ação contra o ex-aluno de medicina.

Para a magistrada, as mulheres não devem ser tomadas como um coletivo. "Os indivíduos do sexo feminino não são iguais e não possuem os mesmo valores daqueles descritos na inicial, para serem tratados como um coletivo a ensejar a pretendida tutela estatal", escreveu ela.

A juíza, que recebeu em setembro proventos da ordem de R$ 43.066,01 brutos (salário e extras), escreveu que as mulheres conquistaram "não o direito de trabalhar, mas o dever de trabalhar".

"As mulheres acharam que, para ser livres e iguais precisavam fazer as mesmas coisas que os homens. Subiram aos cargos mais elevados, mas também adquiriram seus vícios mais baixos", completou.

A magistrada prossegue afirmando que "a revolução sexual das mulheres é a mancha da segunda onda do movimento, que começou pedindo direitos políticos e melhores condições sociais e terminou, para chegar lá, gritando por pílulas anticoncepcionais e abortivas, por liberação sexual e aceitação pública da degradação de seus corpos e almas".

O Ministério Público informou ao BuzzFeed News que ainda não tomou ciência da decisão da magistrada e, assim, não sabe se deverá recorrer. Já a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça afirmou que a juíza não comentaria o caso porque feriria a Loman (Lei Orgânica da Magistratura).

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