As frases e as tretas que fizeram de 2016 um ano inesquecível

    Presidente que sai, presidente que entra, ministro, juiz, candidato, congressistas encrencados. Da esquerda à direita, as excelências saíram do sério, conspiraram contra investigações e também falaram muita, mas muita bobagem em 2016...

    O impeachment...

    "Meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito, e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão".

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    Raquel Muniz (PSD-MG) ao votar pelo impeachment, em 17 de abril. No dia seguinte, o marido da deputada e prefeito de Montes Claros, o prefeito Ruy Muniz, foi preso em Brasília por suspeita de corrupção.

    "Que Deus tenha misericórdia desta nação."

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    Eduardo Cunha (PMDB-RJ) , ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

    "Antes tarde do que nunca."

    Ainda deputado pelo PMDB do Rio, Eduardo Cunha comemorou a saída de Dilma em 12 de maio com a mesma frase que ela usou em seu afastamento da presidência da Câmara, cinco dias antes. Depois, em sua cassação, em outubro, Dilma devolveu a expressão ao hoje preso Cunha. Mais criativos, os deputados do PSOL transformaram a frase em: "Antes tarde do que Cunha" durante a cassação do ex-deputado.

    "Aqui não tem ninguém com condições para julgar ninguém. Qual a moral do Senado para julgar uma presidente da República?"

    Gleisi Hoffmann (PT-RS), investigada na Lava Jato junto com o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, durante a votação do impeachment de Dilma. No dia seguinte, ela disse estar incluída na crítica: "O Senado não tem moral para julgar a presidente Dilma. Uma parte grande dos senadores está respondendo a processo, inclusive eu".

    "Eu fico triste porque essa sessão é, sobretudo, uma demonstração de que a burrice é infinita."

    Renan Calheiros, presidente do Senado, ao suspender a sessão do impeachment em 26 de agosto e lamentar que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, estivesse presidindo um "hospício" (em referência ao Senado).

    "Peço que ela um dia entenda que eu fiz isso também pensando nos netos dela."

    Janaina Paschoal, ao encerrar o discurso de acusação contra Dilma Rousseff. Ela chorou ao dizer que lamentava ter causado sofrimento à então presidente afastada. A declaração revoltou os petistas. O advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, rebateu: "Não é possível alguém pedir a condenação evocando os netos da pessoa. Isso não existe".

    Lava Jato...

    "O senhor me para com essa vida de pobre, comprando esses barcos de merda, esses sitiozinhos vagabundos, porque, puta que me pariu. O senhor é uma alma de pobre. Todo mundo que me fala aquilo ali eu falo: imagina, se fosse aqui no Rio, esse sítio dele não é em Petrópolis, não é em Itaipava, é como se fosse em Maricá. É uma merda de lugar."

    Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio, em telefonema para o ex-presidente Lula. O áudio faz parte das investigações da Lava Jato e foi divulgado em março. Paes pediu desculpas a Maricá e disse que estava brincando sobre o sítio e o barco.

    "Seguinte, eu tô mandando o Bessias junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?"

    Dilma Rousseff, ao telefone, para Lula, ao tratar de sua indicação para a Casa Civil. Conversa foi interceptada em grampo da Polícia Federal, autorizado pelo juiz Sergio Moro, em 16 de março. Lula não tomou posse. Na conversa, Lula se despede dizendo "Tchau, querida". A expressão foi mote do impeachment.

    "Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. E a jararaca tá viva como sempre esteve."

    Lula, em 4 de março, depois de ser conduzido coercitivamente para depor na Operação Lava Jato.

    "Nós queremos servir a uma cobra? O Brasil não é a República da cobra!"

    A autora do pedido de impeachment, Janaina Paschoal, em discurso inflamado na USP, no dia 4 de abril, lembrando da referência de Lula à jararaca.

    "Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria".

    Senador Romero Jucá (PMDB-RR) propondo um pacto para barrar a Lava Jato. Caiu em uma gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, seu colega de partido, em março. Machado selou acordo de colaboração e entregou o grampo de Jucá. Jucá caiu do Ministério do Planejamento. A conversa foi divulgada em maio.

    "Provem uma corrupção minha que eu irei a pé para ser preso."

    Lula, em 15 de setembro, um dia após ser denunciado pela primeira vez na Lava Jato. Desde então, ela já foi processado outras quatro vezes. Ainda não ocorreu nenhum julgamento.

    "Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim".

    Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em campanha do prefeito eleito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), falando sobre a Lava Jato dias antes de uma nova fase da operação em setembro.

    Supremo barraco e treta entre os Poderes...

    "Vossa Excelência, por favor, me esqueça."

    Ricardo Lewandowski para Gilmar Mendes em plena sessão do STF, em novembro, depois de uma discussão por causa de um processo em julgamento.

    "No Nordeste se diz que não se corre atrás de doido porque não se sabe para onde ele vai."

    Ministro do STF Gilmar Mendes, sobre o ministro Marco Aurélio de Mello, para o Blog do Moreno, em 6 de dezembro. Ele sugeriu o impeachment e a inimputabilidade do colega, que havia afastado liminarmente o presidente do Senado, Renan Calheiros, investigado na Lava Jato. Ofendido, Marco Aurélio respondeu: "Eu não posso acreditar."

    "Decisão do Supremo Tribunal Federal é para se cumprir."

    Renan Calheiros, no dia em que o plenário do STF derrubou a liminar de Marco Aurélio. Dois dias antes, ele se recusara a receber o oficial de Justiça com a ordem judicial do mesmo STF que o afastava da presidência do Senado.

    "Um juizeco de primeira instância não pode a qualquer momento atentar contra um Poder."

    Renan Calheiros, sobre o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, que decretou a prisão de quatro agentes da Polícia Legislativa, em outubro. Na mesma ocasião, disse que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, parecia um "chefete de polícia".

    "Onde um juiz for destratado, eu também sou."

    Ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, em resposta ao "juizeco" proferido por Renan Calheiros. Meses depois, ela ajudou a livrá-lo do afastamento da presidência do Senado. Ela votou contra a liminar do ministro Marco Aurélio de Mello.

    O governo Temer...

    "O homem parece acreditar piamente que terá o respeito e a estima dos brasileiros pelo fato de agora ser presidente. Engana-se."

    Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF, no dia 31 de agosto, imediatamente após o impeachment, criticando Michel Temer no Twitter.

    "As 40 pessoas que estão quebrando carro? Precisa perguntar para os 204 milhões de brasileiros e para os membros do Congresso Nacional que resolveram decretar o impeachment".

    Michel Temer, em entrevista coletiva na China no dia 3 de setembro, sobre as manifestações 'Fora Temer'. Um dia depois, milhares foram às ruas.

    "Cumprimento vocês por mais esta propaganda."

    Michel Temer, em novembro, cometendo uma gafe depois de participar do programa Roda Viva, da TV Cultura. Programa foi criticado por "pegar leve" com o presidente. Depois do episódio, Chico Buarque pediu que retirassem sua música da abertura.

    “A situação atual é como se fosse uma pinguela. Não é uma ponte, é uma pinguela. Mas, se quebrar a pinguela, cai no rio. É pior.”

    Fernando Henrique Cardoso, sobre o governo de Michel Temer, em entrevista ao Blog do Josias de Souza em 7 de setembro. O programa de governo de Temer se chama "Ponte para o futuro".

    "Quando eu era menino tinha um riacho perto da minha casa onde brincávamos atravessando uma pinguela. Sabia que nunca caí? Se é ponte ou pinguela, não importa. O que importa é atravessar."

    Michel Temer, em café da manhã com jornalistas, em 22 de dezembro, respondendo a FHC. Disse ainda que por trás dessa expressão há "muitas amarguras e paixões".

    "A conta não fecha."

    Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), criticando o congelamento de gastos da saúde por 20 anos pela PEC do Teto.

    “É uma questão de hábito, de cultura. Até porque os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias. Eles não acham tempo para se dedicar à saúde preventiva.”

    Ricardo Barros, ministro da Saúde, ao falar sobre uma pesquisa da área em agosto. Teve de se desculpar pela frase.

    "Devo dizer, cara ministra, que o México, para os políticos homens no Brasil, é um perigo, porque descobri que aqui quase a metade dos senadores são mulheres."

    José Serra, chanceler brasileiro para a homóloga mexicana em 25 de julho.

    Ah, e teve eleição...

    "A primeira vez que eu tentei carregar um pobre dentro do meu carro eu vomitei por causa do cheiro."

    Rafael Greca (PMN), durante a campanha eleitoral de Curitiba. Pediu desculpas. Foi eleito prefeito da capital paranaense.

    "Eu roubo, mas eu não peço propina."

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    O prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), muito nervoso em um debate com o candidato tucano João Leite acabou se atrapalhando ao dizer que tinha sido acusado de roubar, mas que não pedia propina. Depois, ele se explicou dizendo que queria dizer: "eu devo, mas não peço propina".

    "Não sou político. Sou gestor."

    Frase repetida por João Doria (PSDB) durante sua campanha à prefeitura de São Paulo. Foi eleito no primeiro turno, em feito inédito.

    "Vou doar os 48 salários de prefeito. A primeira entidade que vai receber o meu salário é a AACD, associação para as crianças defeituosas."

    Prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), em outubro. No mesmo dia, pediu desculpas por ter falado "defeituosa" no lugar de "deficiente", como é o correto.

    "Eu me dou muito bem com pessoas mais humildes. Às vezes é só um aperto de mão, às vezes elas querem um abraço. É tão pouco o que elas querem."

    Bia Doria, artista plástica e futura primeira-dama de São Paulo, em entrevista à Folha de S. Paulo, na qual perguntou se o Minhocão era um viaduto.

    CPI da Merenda

    "Mas você já viu CPI dar em alguma coisa?"

    Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de SP, em entrevista à BBC Brasil em maio. Alvo de denúncias sobre a máfia da merenda, ela saiu da CPI sem nenhuma acusação. Ele sempre negou participação. Dois de seus assessores tiveram pedido de indiciamento dos deputados integrantes da comissão.

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