
SÃO BERNARDO DO CAMPO, São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu milhares de militantes neste sábado (9) diante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, e cobrou mobilização contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL), que segundo Lula está a serviço das milícias no Rio de Janeiro.
Lula afirmou que o povo deve seguir o exemplo do Chile, onde os protestos têm tomado conta do país, em alguns momentos com mortes e violência. Para Lula, não basta resistir. É preciso "atacar e não apenas se defender". Para o petista, o povo do Chile se voltou contra o modelo econômico que o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer implantar no Brasil.

O tom forte do discurso de oposição já havia se desenhado na sexta-feira, quando ele deixou a prisão em Curitiba, depois de 580 de detenção. Lula acusou o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz e ministro da Justiça, Sergio Moro, de terem conspirado para o tirarem da eleição de 2018. Os chamou de canalhas e mentirosos.
“Bolsonaro chegou a confessar que deve a campanha a Moro”, disse Lula, voltando a afirmar que o presidente Bolsonaro se elegeu propagando fake news.

Lula criticou o projeto econômico de Bolsonaro e Paulo Guedes e o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Mas as acusações mais graves disseram respeito a uma suposta relação que Bolsonaro teria com as milícias no Rio de Janeiro.
“Cá estou eu, livre como um passarinho”, afirma Lula. “Eu duvido que o Bolsonaro durma com a consciência tranquila que eu durmo. Eu quero dizer a ele que eu estou de volta.”
"Tem gente que fala que precisa derrubar o Bolsonaro. Tem gente que fala em impeachment. Veja, o cidadão foi eleito. Democraticamente, aceitamos o resultado da eleição. Mas ele foi eleito para governar para o povo brasileiro e não para para os milicianos do Rio de Janeiro", disse Lula, para mais adiante dizer que os brasileiros não podem deixar que "os milicianos destruam o país".

O ex-presidente cobrou investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e criticou a atuação de Bolsonaro no caso.
"Ele não pode fazer uma investigação do que eles fizeram para matar a Marielle. Não é a gravação do filho dele que vale. É preciso que haja uma perícia séria para que a gente saiba definitivamente quem matou a nossa guerreira chamada Marielle", disse o petista.

Assim como Bolsonaro, Lula já entrou em ritmo de campanha eleitoral. Disse que vai viajar pelo país e afirmou para os militantes: "Se a gente trabalhar direitinho, em 2022 a chamada esquerda que o Bolsonaro tanto tem medo vai derrotar a ultradireita nesse país."

Lula estava acompanhado de diversos líderes partidários, entre petistas e integrantes do PCdoB e do PSOL, além de sindicalistas. Sua namorada, a socióloga Rosângela Silva, a Janja, foi apresentada mais uma vez. O petista, no entanto, ficou tímido quando pediram para que o casal se beijasse. "Depois, depois", desconversou.
