Fortes dores nos músculos, alteração na pressão arterial, queda na temperatura do corpo. Os grevistas de fome que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegam aos 25 dias de jejum registrando perdas individuais de oito a onze quilos.
Eles estão instalados no Centro Cultural de Brasília, onde o atendimento foi reforçado com dois médicos plantonistas nas 24 horas do dia. As visitas foram reduzidas. Nesta sexta-feira (24), eles passaram o dia reclusos, recebendo massagens e sessões de Reiki para diminuir as dores musculares. O grupo só se alimenta de água e soro.
Na segunda-feira, uma das grevistas, Zonália Santos, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), passou mal durante manifestação diante do STF (Supremo Tribunal Federal). Foi levada ao hospital, mas não interrompeu o jejum.
São sete os grevistas de fome que apoiam Lula, todos dirigentes de movimentos sociais como MST, CMP (Central de Movimentos Populares), MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) e Levante Popular da Juventude.
A greve já extrapolou o recorde do veterano desse tipo de protesto entre os grevistas. Em entrevista recente ao BuzzFeed News, o frei Sérgio Görgen contou que a maior greve que tinha feito durara 22 dias.
Carta do Lula
Lula escreveu uma carta aos grevistas na quarta-feira (22), numa folha de caderno. Solidarizou-se com o grupo, mas não pediu para que encerrassem a greve. "Não tenho palavras para agradecer o gesto de vocês", escreveu ele.
"De dez mensagens que chegam aqui, oito são pedidos para que encerremos a greve de fome", disse ao BuzzFeed News Maria Kazé, do MPA e da organização política do protesto. Entre as pessoas que pedem o encerramento e se solidarizam com os grevistas estão sindicalistas, representantes de outros movimentos sociais e políticos.
"Não tem nenhuma decisão em relação ao final da greve. Pela firmeza ideológica e psicológica dos grevistas acho pouco provável que ela seja encerrada agora", disse Maria Kazé, que afirmou aguardar um encontro dos sete militantes com a presidente do STF, Cármem Lúcia. Eles já foram recebidos por Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, além dos chefes de gabinete de Luis Barroso e Gilmar Mendes.