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A campanha eleitoral nem começou, mas no ABC já virou caso de polícia

Pré-candidato diz que dirigentes do Avante cobraram R$ 1 milhão por candidatura e cita ex-deputado Vaccarezza em B.O. Dirigentes do Avante dizem que é calúnia.

Nem bem começou, a pré-campanha eleitoral de Santo André, no ABC Paulista, foi parar na delegacia. Um pré-candidato a prefeito da cidade denunciou os dirigentes do Avante por supostamente pedirem R$ 1 milhão para viabilizar sua candidatura. O pedido de propina, segundo o boletim de ocorrência registrado no 1º DP de Santo André, teria sido feito com autorização do ex-deputado petista e um dos fundadores do Avante, Cândido Vaccarezza.

Em contrapartida, o Avante divulgou um áudio do pré-candidato, o empresário Erick Eloi, durante uma reunião do diretório municipal. Na gravação, é Erick que diz ter se comprometido a arrumar R$ 1 milhão para custear a campanha. "Meu compromisso inicialmente foi arrumar R$ 1 milhão para a campanha do Avante. Vamos conseguir todo o dinheiro possível para o Avante", diz Erick Eloi.

Nos últimos 3 anos, Vaccarezza virou réu da Lava Jato, sob denúncia de participar do esquema de propinas de empresários a políticos e dirigentes da Petrobras. Ele chegou a ser preso e saiu sob fiança. No ano passado, seus bens foram bloqueados pela Justiça. Ele nega as acusações, assim como afirma que sequer tem relação com Erick Eloi.

O boletim de ocorrência foi registrado no 1º DP de Santo André no dia 15 de julho. A reunião do diretório teria ocorrido dias antes. No boletim, Erick Eloi diz que no dia 13 participou de reunião com dois dirigentes da legenda, José Evangelista e Josué Tavares, na sede do diretório estadual do Avante. Os dirigentes teriam condicionado a candidatura a um depósito de R$ 1 milhão em suas contas bancárias, "com a permissão do sr. Cândido Vaccarezza".

O boletim, no entanto, não é de extorsão, mas de difamação. Segundo Erick Eloi, depois da reunião: "Após tal fato [a reunião em que se pediu dinheiro], o presidente estadual do partido Avante [Josué Tavares] deu uma entrevista para a imprensa do ABC retirando a pré-candidatura a prefeito por parte de Erick e o difamando, inclusive para os candidatos a vereador do partido", diz o texto do B.O.

Agora, é o presidente estadual do Avante, Josué Tavares, que irá à delegacia prestar queixa contra o pré-candidato. Em entrevista por telefone ao BuzzFeed News nesta terça-feira (28), Tavares disse ter sido caluniado. O dirigente partidário afirmou que encontrou-se com o empresário em 3 ocasiões, a primeira em dezembro, quando ele disse que gostaria de ser candidato a prefeito e que teria sido dito a ele que era necessário criar uma estrutura para a candidatura. A outra reunião teria ocorrido em janeiro e a última, no dia 13.

Tavares afirmou ao site que Erick Eloi se comprometera a procurar financiadores. "Em 13 de julho ele disse que, por conta da pandemia, não tinha condições financeiras. Eu disse: Erick, vamos dar dois passos para trás. Saia candidato a vereador agora, neste momento de dificuldade, e lá na frente você pode concorrer a deputado ou a prefeito. Ele não aceitou e partiu para a calúnia".

Segundo Tavares, o Avante não terá candidatura própria em Santo André. Em conversa com o BuzzFeed News, Vaccarezza disse que viu poucas vezes o empresário de Santo André e que não tem cargo no Avante. Ele não quis dar entrevista.

"Ele colocou o Vaccarezza no meio porque ele está querendo mídia, querendo aparecer. Quer ganhar uma candidatura à força, na truculência", disse Tavares à reportagem, ressaltando que o ex-deputado mal conhece o pré-candidato.

"Erick vai ter de provar que pedimos dinheiro. Vamos denunciá-lo por calúnia, difamação e falsa comunicação de crime. Também abrimos um processo no partido em que ele pode ser expulso", concluiu Tavares.

O pré-candidato Erick Eloi enviou ao BuzzFeed a defesa que será entregue à direção do partido no processo de expulsão. No documento, ele reafirma que lhe foi pedido o montante de R$ 1 milhão na reunião do dia 13 de julho. E diz mais: alega que Evangelista e Tavares lhe pediram dinheiro em outras ocasiões.

"Logo após minha filiação partidária, sofro pedidos de “ajudas”, “empréstimos”, “doações financeiras” no mínimo estranhas ou questionáveis em se tratando dos interesses comuns de um partido político e seus membros em nível de direção tanto estadual como municipal", escreveu ele.

"Confesso que algumas dessas investidas foram feitas de maneira tão natural, em conversas tão comuns, até com uso de gírias tais como: “Me ajuda que te ajudamos”, Confia pô, estamos juntos”, que pensei eu ser brincadeira ou até piada tais solicitações", afirma o pré-candidato.





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