Recentemente, uma mulher chamada Gabriella contou sobre uma breve interação que teve com uma desconhecida na noite anterior. A mulher tinha se aproximado dela discretamente e perguntado se podia fingir que as duas se conheciam, já que achava que estava sendo perseguida por um homem.
Gabriella disse ao BuzzFeed News que contou a história para chamar atenção para um problema generalizado enfrentado por muitas mulheres. "As mulheres deveriam estar seguras em todos os momentos e de todas as maneiras possíveis", disse.
O seu tuíte viralizou rapidamente nos Estados Unidos, mostrando como o problema ainda é, infelizmente, muito comum.
Mulheres que estiveram nos dois lados deste cenário, a partir daí, passaram a compartilhar situações pelas quais já tinham passado.
O Buzzfeed News conversou com algumas destas mulheres. Abaixo, suas histórias:
Um ano atrás, Savannah Stuple, 21, de Radford, Virgínia (EUA), estava pondo as malas no seu carro por volta das 11 horas da noite quando percebeu um homem à espreita. Então ele começou a falar e andar em direção à ela.
Stuple imediatamente entrou em seu carro, trancou as portas e esperou que o homem a deixasse em paz. Ela disse que ainda esperou mais cinco minutos depois que ele foi embora até sair do seu carro de novo.
"Quando me dei conta do que estava acontecendo, senti medo, tontura e muita insegurança", disse. "Espero que as pessoas saibam que as mulheres estão vivendo constantemente com medo".
"Eu não deveria sentir medo de ir ao mercado sozinha ou ter de carregar spray de pimenta comigo o tempo todo", acrescentou.
Regina Acheampong, 34, de Charlotte, Carolina do Norte (EUA), compartilhou a história de quando um homem começou a segui-la, primeiro de carro, depois a pé, por um parque em plena luz do dia.
Ela disse ao BuzzFeed News que, na ocasião, o homem começou a gritar coisas como: "Por que você está me ignorando?" e "Estou tentando falar com você!".
Acheampong disse que se sentiu forçada a mentir e dizer a ele que tinha namorado.
Pensamentos começaram a passar pela sua mente: "O que eu faço se ele tentar me atacar?" Meu cachorro não é grande. E isso tudo em plena luz do dia".
"A ansiedade ou medo de ser atacada muda a maneira como você se movimenta neste mundo. É muito triste".
Ela disse que poderia contar inúmeras outras ocasiões, especialmente na faculdade, onde se sentiu insegura pela persistência de um homem ou após ter sido seguida. Por isso, hoje ela carrega uma arma, admitiu.
Acheampong, que está para lançar um blog sobre bem-estar e cuidados, acredita que "existe valor em compartilhar sua história".
"Se não compartilharmos nossas histórias, não há cura, nem crescimento, nem aprendizado", disse. "Isso pode encorajar as pessoas [os homens] a corrigir seu comportamento, a entender o impacto do seu comportamento".
Outra mulher, Cassy, compartilhou uma história de quando era adolescente. Ela disse que só percebeu que tinha um homem a observando quando seu cachorro começou a rosnar. "Eu nunca tinha visto meu cachorro agir dessa maneira", disse.
Cassy, que hoje tem 20 anos, disse que na hora não conseguiu processar o que o homem estava fazendo ou porque tinha se sentido tão mal.
"As mulheres nunca devem se sentir diminuídas por este tipo de situação... mas infelizmente é assim que as coisas são", disse ela.
Em outro incidente aterrorizante, Melanie Alvarez, 19, descreveu uma situação em que foi assediada e perseguida até que literalmente saiu correndo até a casa de uma amiga. Ela disse que até se sentiu culpada e "arrependida" por andar sozinha.
Quando Alvarez tinha apenas 15 anos de idade, um estranho a seguiu e ficou fazendo investidas contra ela, inclusive oferecendo dinheiro para que os dois "pudessem se divertir".
Depois que ela percebeu que ele tinha pulado uma cerca para acompanhá-la, "Eu corri para o outro lado da rua... e olhei para trás para ver se ele tinha se tocado, mas, em vez disso, vi que ele estava correndo em minha direção", disse ela.
Ela disse que continuou correndo até que viu sua amiga, com quem ela iria se encontrar, mais à frente. Quando o homem percebeu que ela estava se aproximando de sua amiga, "ele deu meia volta e foi embora", disse.
"Eu fiquei apavorada. Isso realmente me traumatizou. Eu nunca mais quis andar sozinha desde então."
"Nunca andem sozinhas, especialmente se você está numa posição em que não é capaz de se proteger, como eu quando era muito jovem", disse.
Sofia Ferreira, 22, disse que também teve que fugir de um stalker quando tinha apenas 16.
"Você nunca sabe do que a outra pessoa é capaz de fazer", disse sobre o encontro assustador.
Ferreira acredita que compartilhar estas histórias é "importante" para "as pessoas não se sentirem sozinhas".
Deanera Barrow, 22, de Ypsilanti, Michigan (EUA), disse que o tuíte a trouxe de volta "ao exato momento" em que teve que servir de disfarce para uma mulher que estava sendo perseguida.
"Eu fiquei assustada por ela, mas ainda mais brava que ele estava fazendo isso e ela nem tinha ideia", disse Barrow.
Ela disse que espera que sua história chame a atenção "para a frequência" com que estas coisas acontecem.
"Nós, mulheres, às vezes precisamos proteger umas às outras."
O tópico motivou muitas mulheres a declararem que estavam 100% dispostas a fazer sua parte para ajudar outras mulheres em situações perigosas.
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A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Luísa Pessoa.