17 mulheres contam as coisas mais machistas que já ouviram na área de tecnologia

"É sério que você sabe programar?"

1. "Contrato mulheres porque elas rivalizam entre si".

Camilla Martins

"Na empresa em que eu trabalhava, diziam que só contratavam mulheres porque "elas rivalizam entre si, e isso aumenta a produtividade da empresa". Horrível. Também fui assediada pelo meu ex-chefe, que depois tentou se justificar dizendo que fez propositalmente para me dar uma lição (?) porque segundo ele 'eu fiquei meia hora falando de macho durante o expediente'". – Camilla Martins, programadora e líder do projeto Women Techmakers, do Google

2. "Você só passou porque era da UFRJ".

Thais Luca

"Contei pra dois amigos que fui fazer uma prova de seleção de estágio na qual era a única menina contra sete rapazes. Quando eu disse que só eu era da UFRJ, um deles disse 'Ah, mas então deixaram você passar só porque era da UFRJ'. Ah tá, com certeza numa prova de seleção o que vale é o currículo e não como eu resolvo as questões.

Outra vez mandei um link útil no grupo da turma, mas como sempre, ninguém nem disse se abriu. Aí, depois de uma prova, peguei um colega cochichando pro outro: 'ah, mas o que ajudou muito foi aquele link lá', outro perguntou 'que link?, o primeiro que falou bem baixinho 'aquele que a Thais mandou'. Esse dia me caiu a ficha de que receber a minha ajuda era uma humilhação, então passei a estudar sozinha e ficar na minha". – Thais Luca, estudante de Ciências da Computação

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3. "Vou em outra loja procurar um homem que entenda”.

"Certa vez um senhor entrou na loja com uma dúvida relacionada a micro-system, mas como entendo de computador e não de som disse que não saberia responder. Ele respondeu com a seguinte frase: 'vou em outra loja procurar um homem que entenda, já que mulher e tecnologia não combinam'. Mostrei a outra loja mais próxima e disse para que ficasse a vontade!" – Lila Bastos, formada em Tecnologia da informação

4. "Finalmente contrataram uma mulher para embelezar o setor".

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"Enquanto tentava ajudar um dos oito caras que trabalhavam comigo, ouvi 'não vou dar muita credibilidade para alguém que tem 4 bilhões de neurônios a menos que um homem'. Eu entrava muda e saía calada, dia após dia. Não conseguia dormir, tive crises de ansiedade que literalmente me tiravam o ar. Pedi demissão. Mas em nenhuma empresa em que tenha trabalhado fui devidamente reconhecida.

Sempre fui reduzida a 'finalmente contratam uma mulher pra organizar as coisas'. Ouvi muito coisas do tipo 'Você é bonitinha' ou 'Nossa, uma mulher estudando Tecnologia da Informação?! Tem certeza que é isso que quer?'". – Anônima, analista de infraestrutura

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5. "Ela é sua secretária?".

Catarina Ferreira Strufaldi

"Trabalhei numa empresa que não era machista, porém os clientes, sim. Quando ia atender alguém ouvia frases como: "ela é sua secretária?" (quando fui acompanhada de um amigo), "mas é ELA que vai explicar para nós?" (se assustando), "ué, não é você que vai executar?" (se dirigindo ao meu amigo e me olhando de canto de olho)". – Catarina Ferreira Strufaldi, analista de segurança da informação

6. "Perguntaram se eu queria me aprofundar na ferramenta –com a qual trabalho há 5 anos".

"Eu fui parar numa cidade pequena da Polônia trabalhando com uma ferramenta não tão conhecida chamada SharePoint. Na primeira semana nesse novo emprego, uma das pessoas da minha equipe perguntou se eu queria me aprofundar mais na ferramenta. Eu tenho cinco anos de experiência, acredito que não seja pouco. A pessoa me tratou como se eu fosse júnior.

Durei apenas seis meses nesse emprego porque o ambiente era extremamente tóxico. Infelizmente, eu não vejo perspectiva de mudança nisso, apesar de amar o que faço". – Tatiane Domingues, analista de sistemas

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7. "Desse semestre ela não passa".

Milla Beatriz Lima

"Na faculdade, muitos acharam que eu não iria me formar, ou que eu só queria chamar atenção de algum menino. Meu emocional era esmagado três vezes por semana, mas não me arrependo por nem um segundo. No dia da minha formatura, entrei com 'Run the World (Girls)' da Beyoncé e pra completar fui oradora.

Vi tantas mulheres aplaudindo e foi aí que percebi que valeram a pena todos os dias que eu passei fingindo que não tinha escutado aquele sussurro nas minhas costas ou o comentário 'desse semestre ela não passa'". – Milla Beatriz Lima, técnica de informática

8. "Caguei pra mulher do vídeo e pra feminazis em geral".

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"Vivi vários casos de machismo em minha empresa, mas esse foi o pior: éramos três garotas em uma consultoria de porte pequeno, e tínhamos um grupo de WhatsApp com todos os membros da empresa. Um dia, nosso chefe mandou um vídeo pornô nesse grupo, e tanto eu como minhas duas colegas de trabalho pediram mais respeito. Ele respondeu com comentários medíocres e saiu do grupo como se tivesse a maior razão do mundo.

O clima na empresa, que já não era tão bom por ouvirmos groselhas dele toda hora, ficou ainda pior. Duas semanas depois minhas colegas foram demitidas, e ficou claro que havia relação com o fato, pois esse chefe não olhava nem na nossa cara mais. Eu não admiti essa situação e me demiti, pois senti que se eu ficasse lá ainda estaria favorecendo um cara desses a achar que está certo. Infelizmente muitas mulheres não podem fazer o que eu fiz". - M.B., desenvolvedora

9. "Às vezes esqueço que ela é mulher".

"Sou estudante de Ciências da Computação por uma universidade federal. Entrei na segunda turma, ou seja, depois de julho. Um dia faltei à aula e um amigo perguntou onde eu estava. O outro virou e disse: "ah é, ela. Às vezes me esqueço que ela é mulher".

Isso foi pelo fato de eu ser lésbica, uma não-mulher na visão desse imbecil e uma lésbica na computação." – Anna Carolina, estudante de Ciências da Computação

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10. "Sei que mulher não entende disso".

Nathalia Calassa Carvalho

"Atendi um cliente uma vez que não quis falar comigo, perguntou se tinha mais alguém disponível, apesar de eu dizer poderia ajudar. Até que ele disse que queria ser atendido por um homem, porque sabe que mulher não entende dessas coisas. Por sorte meu chefe me apoiou e disse pro cliente que eu era tão capaz quanto os meninos para dar o suporte". – Nathalia Calassa Carvalho, suporte técnico

11. "Ela deveria fazer o design, mulher gosta de enfeitar as coisas".

"Ouvi de um analista que, já que era a única mulher ali, eu deveria fazer a parte de design da aplicação porque mulher gosta de enfeitar as coisas. No mesmo momento revidei dizendo que eu definitivamente não estava ali somente pra enfeitar". – Joyce Aquino

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12. "É sério que você sabe programar?".

Isadora Gallerani

"Uso o Stories do meu Instagram para compartilhar linhas de código e minhas pesquisas. Tem um certo @ da área de TI (tecnologia da informação) que me segue e que adora responder de forma irritante. Já tive que ouvir dele perguntas como 'é sério que você manja de programação?', 'você programa certinho mesmo ou só tenta?'. Uma vez teve a capacidade de me mandar um textinho explicando PARA MIM sobre o que era a MINHA pesquisa". – Isadora Gallerani, estudante de Ciência da Computação

13. "Se alguém me ajudava, depois me chamava pra sair pra 'pagar a ajuda'".

"No meu primeiro trabalho como programadora, cheguei no local repleto de homens. Sempre que precisava de alguma ajuda, me explicavam mas no final do expediente sempre vinha algum dos rapazes pedindo pra sair pra beber com ele para 'pagar a ajuda'.

Além disso, sempre que me oferecia para ajudar, os caras simplesmente me ignoravam e só aceitavam ajuda de outro homem, que dizia exatamente o mesmo que eu tinha dito. Parecia que meu conhecimento não servia para nada". – Lusier Costa, jornalista e programadora

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14. "Até ELA conseguiu. Vai perder pra ELA?".

Paula Daiane

"Me formei em Ciências da Computação em 2017, a única menina de uma turma de aproximadamente 25 alunos. Era muito comum meus colegas serem incentivados por alguns professores homens com a frase "poxa, você não está conseguindo terminar a tarefa? ELA já conseguiu. Vai perder para ELA?".

O incentivo era utilizado mesmo quando colegas homens também já haviam terminado a tarefa proposta". – Paula Daiane

15. "O chefe disse que não podia dar um toque nos caras, ou eu acabaria sendo odiada".

"Trabalhei numa empresa onde reparei os comportamentos machistas, misóginos e bastante preconceituosos de um dos colegas. Incomodada, levei isso para o meu chefe, mas não podia fazer muita coisa porque se ele chamasse os caras para conversar sobre isso eles iriam me odiar, pois era um tema muito delicado, segundo ele. Uma semana depois fui demitida alegando que precisavam fazer um corte na empresa". – Aline Bezzoco, desenvolvedora

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16. "Tentaram me explicar algo que eu mesma tinha criado".

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"Mesmo depois de um ano na empresa ainda paravam pra me explicar o básico quando me passavam demandas. Já chegaram até a me explicar como funciona uma classe que eu mesma criei. Para completar, descobri que fizeram uma aposta na minhas costas de quem iria me "comer" primeiro. Esse 'PRIMEIRO' é a cereja do bolo do meu nojo". – Anônima, programadora

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