O governo Jair Bolsonaro tomou uma bola nas costas nesta tarde, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, ao ver ser aprovada a convocação do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) sem que nenhum líder da base estivesse no plenário.
Sem a presença dos líderes, coube a um correligionário de Onyx, Kim Kataguiri (DEM-SP), tentar fazer a defesa do ministro e articular a votação para a próxima semana, algo que acabou não conseguindo e que o deixou irritado com a base.
“É bizarro e é assustador você não ter uma defesa de nenhuma liderança do governo, de nenhuma vice-liderança do governo", disse Kim, que foi alvo de críticas de bolsonaristas na semana passada por ser sido contrário à manifestação de apoio ao presidente do último domingo.
"Me assusta o amadorismo e a falta de competência do governo em se defender”, disse o deputado, que também é líder do MBL (Movimento Brasil Livre).
O imbróglio começou após o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), pautar o requerimento de autoria de Aliel Machado (PSB-PR) para a convocação de Onyx para que o ministro dê explicações sobre o decreto de Jair Bolsonaro que amplia a posse e o porte de armas no país.
Para atrasar a votação, o DEM tentou aproveitar a presença de Kim no colegiado e promover um acordo que levaria a apreciação do requerimento para a próxima semana, sob o argumento que isso facilitaria a agenda do ministro.
A tentativa, no entanto, acabou sendo em vão. Francischini chegou a perguntar se algum líder do governo havia entrado em contato com Aliel, autor do requerimento, para propor um acordo.
Após a negativa, Francischini questionou Kim por não entender qual seria o papel que ele estava desempenhando na comissão.
Kim disse que foi pego de surpresa, uma vez que nem titular da comissão ele é. Ainda deixou claro que não estava falando em nome do governo.
“Apenas para esclarecer, eu não falo em nome da liderança do governo e até me assusta não haver nenhum líder e nem vice-líder do governo fazendo esse papel aqui, porque nem titular da comissão eu sou, eu fui pego de supetão também nessa defesa”, afirmou.
Após o gesto de Kim, a maioria da CCJ entendeu que, sem líder do governo para fechar um acordo, o melhor a fazer seria votar imediatamente a convocação de Onyx Lorenzoni.
Vendo o consenso que se formava, Kim voltou a falar com Onyx pelo celular. Para não dar a impressão que estaria fugindo da CCJ, Onyx pediu que Kim informasse aos integrantes da comissão que ele não tinha nenhum óbice à convocação e que iria à CCJ "com prazer" dar explicações sobre o decreto de armas do governo.
Ainda não há data definida para a ida do ministro à CCJ, mas ela deve acontecer no máximo em duas semanas.