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"Não sei o valor de uma cadeirinha, mas sei quanto custa um caixão. Eu paguei o do meu filho"

Frase foi dita por deputada ALIADA DE BOLSONARO.

Integrante da base do governo e entusiasta de Jair Bolsonaro, a deputada Christiane Yared (PL-PR) ficou indignada com o projeto do presidente que, entre outras coisas, acaba com as multas para os motoristas que não usarem cadeirinhas para o transporte de crianças em carros.

“O que nos foi apresentado nos causa espanto e nos assusta (...) Não é possível que a gente aceite tudo isso como se fosse algo normal”, disse.

“Quanto custa uma cadeirinha? Eu não sei o valor de uma cadeirinha, mas sei o valor de um terreno no cemitério. Eu sei quanto custa um caixão, eu paguei o caixão do meu filho. Eu sei quanto custa choro, flores”, completou, exigindo maior rigidez nas leis de trânsito.

A dedicação de Yared à segurança no trânsito teve início há 10 anos, após seu filho ter sido morto pelo ex-deputado estadual Carli Filho, que recentemente foi condenado a 7 anos de prisão e passou três dias na cadeia antes de ser enviado para casa com o uso de uma tornozeleira eletrônica.

“Eu cuido de mães todos os dias, mães que têm seus filhos enterrados nessa tragedia do trânsito. Uma morte a cada 10, 12 minutos. Uma sequela por minuto (…) Faço um apelo ao presidente, que eu represento, eu sou base de governo. Senhor presidente, olhe pelas famílias desse país”, disse na Câmara nesta quarta-feira. “É melhor pagar multa que terreno em cemitério ou tratamento em hospital”, completou.

A deputada disse que não foi a única integrante da base do governo que se indignou com a proposta de Bolsonaro, que além de tentar acabar com multas para quem não usar a cadeirinha no transporte de crianças também dobra os pontos na carteira para quem toma multas e sugere o fim do exama toxicológico para motoristas profissionais.

“O que eu ouvi é que os próprios deputados estão chateados pois não uma é medida responsável. É uma medida eleitoreira e populista”, disse.

Ela também revelou que o presidente não apresentou nenhum tipo de estudo ou parecer tecnico para embasar suas propostas.

“Nenhum estudo, nada. Tudo foi motivado pela desburocratização”, disse.

Ela ainda comentou que, quando soube da intenção de Bolsonaro em apresentar tal projeto tentou contato com o presidente, o que foi em vão.

“[Os lideres do governo] não atendem a gente. Eu até tentei conversar antes. Governar é ouvir várias pessoas, quem está na ponta, quem está trabalhando com isso. É nossa luta, há 10 anos estou nisso e conheço pessoas que estão a vida inteira”, lamentou.

Para além da cadeirinha, Yared teceu duras críticas à possibilidade de se acabar com os exames toxicológicos para motoristas profissionais.

“Recebo mensagens dos grupos de WhatsApp da Polícia Rodoviária Federal. Eu recebo as apreensões de caminhões onde os motoristas estão completamente drogados, coisas assustadoras. Eles estão alucinados, é coisa inacreditável, a pessoa não teria condição de sair, de dar partida e sair. E são pessoas que dirigem conosco nas estradas. É uma preocupação grande, é retrocesso”, ponderou.

Ela ainda destacou que irá pedir ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para ser relatora do projeto de Bolsonaro na Casa numa tentativa de impedir que sejam aprovados os pontos do projeto que, em sua visão, devem ampliar as mortes no trânsito.

Por fim, falou que, neste meio tempo, tem medo de parte da população começar a afrouxar nos cuidados por ter recebido uma espécie de aval do presidente da República.

“O que vemos no país é que quando o presidente, que é homem que tem poder de atingir multidões, quando ele fala algo, as pessoas já tomam como lei, já podem fazer, e nossa preocupação é essa”.

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