Juiz que negociou fim de rebelião em Manaus relata ameaças de morte

    Luís Carlos Valois diz que recebeu telefonema anônimo e ameaças pela internet após jornal publicar sua suposta ligação facção criminosa. Matança entre presos deixou ao menos 56 mortos no episódio mais sangrento nos presídios brasileiros desde o Carandiru.

    Responsável pela negociação com presos para o fim da rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, que resultou em 56 mortos em Manaus, o juiz Luís Carlos Valois está, desde ontem, sofrendo ameaças de morte.

    Segundo ele, um telefonema anônimo já foi recebido e mensagens com ameaças foram identificadas na internet.

    O juiz explicou ao BuzzFeed Brasil que tudo começou após o jornal O Estado de S.Paulo divulgar trechos de uma investigação do Ministério Público que resultou na operação La Muralla. Leia aqui.

    Nela, Valois, que é o titular da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Amazonas, foi investigado por supostamente auxiliar na libertação de presos da facção criminosa Família do Norte, que atua nos presídios do Estado.

    Próxima ao Comando Vermelho (do Rio), a Família do Norte é antagonista do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Amazonas.

    No caso, mensagens interceptadas entre uma advogada e um criminoso da facção tratavam sobre um suposto pedido de Valois para que os detentos fizessem um abaixo-assinado para sua permanência na Vara de Execuções.

    Sua suposta ligação com uma das facções do presídio teria irritado a outra. Daí o motivo das ameaças.

    Valois, por sua vez, destacou que nunca participou de nenhum ato ilícito e criticou o fato de uma investigação do ano passado ter sido trazido à tona em meio à rebelião.

    “O que existe na investigação é uma advogada falando com um criminoso. Eles citam o juiz de execução penal. Mas essa história não tem nada contra mim, é um absurdo. Basta ver que nenhum destes presos foi solto. Eu seria o pior corrupto do mundo fosse isso [esquema para libertar presos] verdade”, disse ao BuzzFeed Brasil.

    Questionado sobre as ameaças de morte, Valois revelou que já está sob proteção devido a outros episódios em que teve sua vida colocada em risco devido à sua atividade na Vara de Execuções.

    “Já estou com segurança. O que quero agora é esclarecer esse episódio [da La Muralla]”, afirmou.

    Por fim, o juiz disse que estava em recesso quando recebeu um pedido da própria secretaria de segurança pública do Estado para fazer a negociação com os presos. Ele publicou em seu Facebook um relato sobre as negociações e sobre as ameaças.

    Parte dos mortos está sendo identificada por DNA.

    Após o término da rebelião, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, fez uma visita ao complexo penitenciário.

    Ele disse ao BuzzFeed Brasil que até o final da semana os líderes de facções criminosas que atuam no presídio serão transferidos para penitenciárias federais.

    De acordo com o Moraes, o tempo é necessário para que a secretária de segurança do Amazonas e o setor de inteligência da Polícia Civil identifiquem corretamente os criminosos que precisam ser transferidos.

    O ministro ainda disse que, devido ao número de mortos e complexidade na identificação dos corpos, visto que alguns estão carbonizados, ele destacou dois peritos da Polícia Federal com equipamentos para testes de DNA para auxiliar nos trabalhos.

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