Eunício, o "Índio" da planilha da Odebrecht, é eleito presidente do Senado

    Novo comandante do Congresso, Eunício Oliveira (PMDB-CE) recebeu repasse de propina da empreiteira, segundo delator. Eunício obteve 61 dos 81 votos da disputa. Nesta quinta, na Câmara, o favorito é o Rodrigo “Botafogo” Maia.

    Apelidado de "Índio" numa das planilhas da Odebrecht, o senador Eunício Oliveira acaba de ser eleito presidente do Senado.

    Numa eleição sem surpresas, Índio venceu a disputa com apoio dos também citados em delação da Odebrecht Renan Calheiros (codinome Justiça) e Romero Jucá (codinome Caju).

    Na prática, no Senado, sai um presidente da lista da Odebrecht e entra outro.

    Para chegar ao posto, Índio obteve o apoio de partidos da base do governo Michel Temer, como o PSDB e DEM.

    Sua eleição ainda rachou o PT. Senadores mais à esquerda no partido, como Gleisi Hoffmann e Lindbergh Faria recusaram-se a apoiar Eunício.

    Mas, apesar disso, o peemedebista obteve 61 votos, derrotando o novato José Medeiros (PSD-MT), que teve somente 10 apoiadores. Houve 10 votos em branco.

    Como o BuzzFeed Brasil revelou no fim do ano passado, o trio é acusado por Cláudio Melo Filho, um dos delatores da Odebrecht, de receber somas milionárias de recursos para gerenciar os interesses da empreiteira no Senado.

    Segundo o delator, Jucá centralizou o recebimento de R$ 22 milhões que foram divididos para o grupo.

    Quando o BuzzFeed revelou a delação, os três negaram as acusações.

    A vitória de Eunício é também uma vitória de Michel Temer, que terá um aliado no principal posto da Casa e verá seu grupo político ocupando comissões importantes.

    O destaque, no caso, vai para a Comissão de Constituição e Justiça, que além de analisar projetos de leis e propostas de emenda à Constituição, faz a sabatina de indicados para tribunais superiores, do indicado para ocupar a Procuradoria-Geral da República, entre outros órgãos de destaque no país.

    Entre o fim da votação e a proclamação do resultado Renan fez seu último discurso na cadeira de presidente da Casa: "É hora de um pouso suave para o Brasil. Ele exige pacificação, concórdia e, eu repito, a continuidade da Lava Jato".

    Renan defendeu o fim do sigilo das investigações para evitar vazamentos "conforme o interesse da fonte" para "manipular" a população.

    Uma vez resolvida a questão no Senado, Temer agora volta seus olhos para a eleição entre os deputados, que acontece nesta quinta-feira.

    Na Câmara, o preferido é o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, que é também é citado em planilha da Odebrecht com o codinome Botafogo.

    Também de acordo com Cláudio Melo Filho, em delação revelada pelo BuzzFeed, é dito que a Odebrecht deu R$ 100 mil a Maia para que ele quitasse dívidas de sua campanha à prefeitura do Rio (ele concorreu em 2012).

    Segundo o delator, o pagamento foi feito após ele ter pedido para Maia acompanhar a tramitação de uma medida provisória que passou pela Câmara em 2013.

    Maia também nega irregularidades.

    E, se por um lado é o favorito na disputa, tendo conseguido costurar um arco de aliança envolvendo uma dezena de partidos, entre eles o seu DEM, o PSDB, PMDB, PR e PP, seus adversários, principalmente deputados do baixo clero, tentam unir esforços para derrubá-lo.

    Contra ele estão Jovair Arantes (PTB-GO), Rogério Rosso (PSD-DF), André Figueiredo (PDT-CE), Júlio Delgado (PSB-MG) e Luíza Erundina (PSol-SP).

    Eles apostam em traições partidárias e revoltas com Michel Temer para evitar que Maia obtenha a metade mais um dos votos dos presentes na eleição e vença no primeiro turno.

    Devido ao apoio do governo a Maia, ameaçam reformas importantes para tentar evitar que o Planalto dê peso à candidatura do democrata.

    Um exemplo disso será dado nesta própria quinta-feira, quando será feita uma coleta de assinaturas para a apresentação de um texto que substitua a reforma da previdência enviada pelo governo à Câmara.

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