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A NASA suavizou sua conclusão sobre imagem de queimadas na Amazônia

A agência espacial americana mudou o texto que acompanhava a imagem, retirando os dados do INPE — criticados por Bolsonaro — que mostravam aumento do número de focos de incêndio. Perguntamos à NASA o porquê.

A NASA alterou o texto em seu site oficial que acompanhava a imagem de satélite capturada no dia dia 20 mostrando fumaça e focos de incêndios na Amazônia brasileira.

Na primeira versão do texto, publicada na quarta (21) e que pode ser conferida no Internet Archive (que registra imagens de páginas na internet em diferentes momentos), o texto da agência espacial americana diz:

"Embora não seja raro o registro de incêndios no Brasil nesta época do ano devido às altas temperaturas e à baixa umidade, parece que este ano o número de incêndios pode ser recorde. De acordo com o INPE, o centro de pesquisa espacial do Brasil, quase 73 mil incêndios foram registrados até agora este ano. O INPE registrou um aumento de 83% em relação ao mesmo período de 2018".

Mas o texto foi editado no dia seguinte, quinta-feira (22). Na nova versão, desaparece a menção ao INPE e a indicação de que o número de queimadas pode ser recorde. A conclusão é muito mais suave com o governo Bolsonaro, que está enfrentando uma crise internacional de imagem por conta dos incêndios na Amazônia:

"O tempo dirá se este ano o número de incêndios é recorde ou se está dentro dos limites habituais".

No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro criticou o INPE após a divulgação de dados do instituto que apontavam o aumento do desmatamento.

Bolsonaro disse que esses dados não poderiam ter sido divulgados sem a análise prévia do governo, pois poderiam comprometer a imagem do Brasil no exterior. "Tenho a convicção que os dados são mentirosos", disse Bolsonaro, que ainda afirmou que o então diretor do INPE, Ricardo Galvão, "parece que está a serviço de alguma ONG".

Galvão respondeu que Bolsonaro foi "covarde" e "pusilânime" e acabou exonerado.

O BuzzFeed News questionou a NASA sobre por que foi retirada do texto de seu site a menção ao INPE, que está no centro da crise do governo Bolsonaro relativa à Amazônia.

"Não foi nenhum questionamento sobre os números do INPE", respondeu um porta-voz da NASA, a instituição internacional com que o INPE mantém mais parcerias.

"A pessoa responsável pelas legendas nesta imagem não tinha conhecimento de uma fonte de dados ligada à NASA sobre o mesmo assunto, e que deveria ter sido usada em vez de uma fonte externa", continuou o porta-voz, que disse que nenhuma autoridade brasileira havia requisitado as mudanças.

Esta é a imagem, capturada pelo satélite Suomi NPP no dia 20, que mostra fumaça e focos de incêndios na Amazônia:

Em reportagem da Folha publicada hoje, o chefe do Laboratório de Ciências Biosféricas do Centro Goddard de Voo Espacial da NASA, Douglas Morton, diz que o monitoramento feito pela agência dos focos de queimadas no Brasil está em sintonia com o aumento no número de incêndios detectado pelo INPE.

O pesquisador disse que os focos de calor na Amazônia têm características que apontam para o corte raso de floresta na região — e não atividades como limpeza de pastos, que implicam queimadas sem desmatamento, registra a Folha.

Analisando as imagens, Morton disse que "não existe uma quantidade de combustível suficientemente alta para gerar aquelas colunas de fumaça se aquilo for somente limpeza de pasto, por exemplo".

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