Logo depois das manifestações de apoio a Jair Bolsonaro em várias cidades do país, influencers que participaram dos atos foram ao YouTube e ao Twitter comemorar a presença de milhares de pessoas — e tripudiar do MBL (Movimento Brasil Livre).
Desde o início das convocações para a manifestação de ontem (26) houve um claro racha na direita.
Nomes como Lobão e Danilo Gentili — e até políticos do PSL de Bolsonaro, como Janaina Paschoal — não expressaram apoio e foram criticados.
O MBL foi abertamente contra a manifestação, justificando que as convocações, pelo WhatsApp, que falavam em fechamento do Congresso e do STF a tornavam antidemocrática.
Com a Paulista e Copacabana cheias de gente, os influencers bolsonaristas que apoiaram a manifestação disseram que o MBL, que começou como um dos movimentos de rua pelo impeachment de Dilma Rousseff, havia perdido relevância.
"O MBL disse que nós temos medo de enfrentar o [presidente da Câmara] Rodrigo Maia. Vocês estão com medo?", discursou ontem em um carro de som o youtuber Nando Moura, que postou hoje em seu canal (3,2 milhões de inscritos) um vídeo com a cena.
"Eu vejo aqui diversas pessoas com cartazes 'MBL tchutchuca do centrão'. Nós não precisamos do MBL, correto?", disse Nando, recebendo aplausos das pessoas na avenida Paulista que o ouviam.
O MBL, que conseguiu eleger líderes como Kim Kataguiri deputado federal e Arthur Mamãe Falei deputado estadual, parece fazer um movimento de distanciar sua imagem do governo Bolsonaro.
Desde janeiro os líderes do grupo já vinham batendo no bolsonarismo — por exemplo, ao cobrar investigações do caso Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro, filho do presidente. Ao mesmo tempo, o MBL também vem mantendo as críticas e a polarização contra a esquerda.
Como escreveu o cientista político Miguel Lago para a revista piauí, essa diferenciação que o MBL busca em relação ao bolsonarismo raiz pode ser uma "estratégia para poder conquistar a direita liberal e a direita moderada".