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Crise do coronavírus virou o jogo das redes sociais contra o bolsonarismo

No dia do 2º panelaço, número de usuários únicos engajados contra o presidente foi o dobro dos apoiadores.

Um levantamento feito pela empresa de análise de dados Bites indica que o crescimento no número de casos do coronavírus no Brasil e as declarações de Jair Bolsonaro (sem partido) minimizando a gravidade da pandemia estão fazendo o presidente perder terreno em sua mais notória base de apoio, as redes sociais.

Nesta quarta-feira (18), segundo dia consecutivo de panelaço contra Bolsonaro em várias cidades do Brasil, a Bites detectou, até as 22h, um volume de tuítes críticos ao presidente muito superior ao das mensagens de apoio.

No domingo (15), dia da manifestação pró-governo, o número de menções a Bolsonaro no Twitter foi de 2,47 milhões e as citações contra e a favor tiveram volume equivalente – mas com mais barulho feito pelos bolsonaristas, disse a Bites.

A maré pró-Bolsonaro começou a virar nesta quarta-feira, de acordo com o levantamento. Até as 22h, foram publicados 2,04 milhões de tuítes sobre ele, feitos por 704 mil usuários únicos. "Ontem a audiência bolsonarista parecia cada vez mais isolada em ambientes digitais", disse o relatório da empresa de análise de dados.

Desse total, 330 mil tuítes foram classificados como pró-Bolsonaro (pois usaram hashtags ou palavras claramente favoráveis ao presidente). O número é alto, mas foi produzido por apenas 75,7 mil usuários únicos.

Já os tuítes anti-Bolsonaro (com hashtags ou palavras contrárias a ele) chegaram a 498 mil e foram postados por 186 mil usuários únicos – mais que o dobro dos usuários únicos a favor de Bolsonaro.

"A oposição a Bolsonaro teve muito mais força e engajamento muito mais orgânico que a defesa do presidente", disse a análise da Bites.

As palavras e frases usadas em associação a Bolsonaro também foram negativas na maior parte: "coronavírus", "senhor egocêntrico", "[lambe] botas do governo", "maior cotação [do dólar] da história do real".

A disputa pela hashtag mais usada nesta quarta-feira foi parelha, com #PanelacoContraAEsquerda (o panelaço convocado pelos bolsonaristas em reação à bateção de panela contra Bolsonaro) e #ForaBolsonaros liderando juntos – mas a oposição ao governo emplacou mais palavras de ordem que os apoiadores.

Um tuíte do próprio Bolsonaro falando sobre o panelaço a seu favor, aliás, foi a mensagem que obteve mais RTs (retuítes) no dia, mostrando que, apesar das críticas terem superado as manifestações de apoio, o presidente ainda conta com a lealdade de um grande número de seguidores.

Bolsonaro também está sendo criticado por apoiadores de primeira hora, como o engenheiro agrônomo e ex-deputado Xico Graziano. Ele escreveu que Bolsonaro é "irresponsável" e "levou-nos à beira do abismo".

Ao contrário da @JanainaDoBrasil eu jamais me arrependerei do voto em @jairbolsonaro. Votei ao lado de milhões para livrar o país do monstro corrupto e sacana alimentado pelo PT. Mas não gostei dessa atitude irresponsável do Presidente da República. Levou-nos à beira do abismo.

Próximo do presidente e seu apoiador ferrenho desde a época da eleição, o empresário Luciano Hang, conhecido como "véio da Havan", mandou um recado para Bolsonaro: "Precisamos de bom senso. Chega de jogar para a torcida".

Não é hora de enfrentamentos ou deixar o ego falar mais alto. Não podemos ter uma crise econômica, uma crise na saúde e uma crise política. A conta mais cara vai cair para os mais pobres. Precisamos de bom senso. Chega de jogar para a torcida, está na hora de jogar pelo Brasil.

E até o escritor Olavo de Carvalho, tido como guru intelectual da família Bolsonaro, alfinetou o presidente. "Agora talvez seja tarde para reagir", escreveu.


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