O projeto de lei do vagão feminino no metrô de SP é ainda mais raso do que você imagina
"Grande parte da população feminina é obrigada a conviver com abusos pela falta de espaço nas composições." É sério isso?
O projeto de lei que cria um vagão para o uso exclusivo das mulheres no metrô de São Paulo foi aprovado no começo deste mês e o debate em torno da questão está intenso desde então.
De acordo com o projeto, empresas que administram o metrô e o trem no Estado de São Paulo "ficam obrigadas a destinar no mínimo um vagão, em cada composição de trem ou metrô, para uso exclusivo de mulheres."
A iniciativa do deputado estadual Jorge Caruso tem sido acusada de promover segregação social e culpabilizar a vítima.
Em nota, a Secretaria Municipal de Políticas Para as Mulheres de São Paulo disse em nota que, com a medida, "os homens – criminosos ou não – são indistintamente colocados sob suspeita..."
"...considerados, a princípio, como potenciais agressores e como seres incapazes de uma convivência respeitosa."
Neste texto, Eliane Brum diz que "se o 'vagão rosa' (o apelido já é duro de aguentar!) vingar, é um retrocesso muito maior do que pode parecer a um primeiro olhar distraído."
A justificativa sequer cita os autores dos assédios como parte do problema:
É comum constatarmos reclamações de mulheres que necessitam usar as linhas do metrô e da CPTM de abusos cometidos contra as mesmas, nos trens em horários de grande pico.
Sabemos que, infelizmente, grande parte da população feminina é obrigada a conviver com abusos pela falta de espaço nas composições. Essa situação é constrangedora para quem é obrigada a utilizar esse meio de transporte para ir e vir do trabalho, à escola, e outros, pois na falta de espaço nos vagões, as mulheres não tem outra opção senão "agüentar" esse constrangimento durante todo o percurso, que muitas vezes é longo.
Infelizmente as mulheres não são respeitadas nessas composições nem mesmo quando acompanhadas por filhos menores.
Diante do exposto, tomo a liberdade de apresentar a esta propositura, pois os problemas de assédio às mulheres são comuns e cabe a nós minimizarmos, diante do possível, essa situação.
Sala das Sessões, em 26-3-2013