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Ministro polonês declara apoio à criação de museu do "Polocausto"

Na semana passada, a Polônia aprovou lei que torna crime dizer que o país colaborou com o Holocausto.

Um ministro do governo da Polônia apoiou a ideia de construir um museu do "Polocausto", dedicado a vítimas não judaicas que morreram no país durante a Segunda Guerra Mundial.

O ministro-adjunto da Cultura, Jaroslaw Sellin, disse que "esta terrível fatalidade" precisa ser mostrada ao mundo.

A fala ocorre após o Parlamento polonês ter aprovado, na semana passada, uma lei que torna crime dizer que a Polônia colaborou com o Holocausto.

Sellin deu a declaração durante uma entrevista em que falou dos planos para expandir outro museu sobre a Segunda Guerra, este dedicado a poloneses que salvaram judeus durante o conflito.

De acordo com o ministro-adjunto, a ideia é abrir um braço desse museu em Nova York, "porque esta é a cidade em que há mais judeus no mundo". O objetivo, afirmou, é "levar esta narrativa à comunidade".

Na véspera, um influente colunista polonês, Marek Kochan, havia proposto a criação do museu do "Polocausto". No texto, ele afirma que "o Estado de Israel foi bem-sucedido em impor uma narrativa que reduz as vítimas da guerra às vítimas do Holocausto".

Kochan, que também atuou como consultor para partidos de direita, continuou: "Todo Estado tem o direito à sua história, Israel tem, a Polônia tem. O 'Polocausto' não é o Holocausto. É algo diferente, mas também ameaçou a existência de uma nação inteira. Vítimas polonesas também têm o direito de serem lembradas", escreveu.

Cerca de 6 milhões de pessoas morreram na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial — estima-se que aproximadamente metade eram judeus, e o restante era composto por minorias étnicas polonesas e membros de outros grupos.

Muitos poloneses acreditam que seu sofrimento durante a guerra — na qual tanto Hitler como Stalin tentaram destruir o país — tem sido ignorado.

Essas pessoas também acreditam que chamar campos de concentração, como Auschwitz, de "campos poloneses" atribui injustamente a morte de judeus à Polônia, uma vez que esses locais foram implementados pelos nazistas alemães durante a ocupação.

Foram essas questões que levaram à aprovação da lei na semana passada.

Mais de 6.000 poloneses arriscaram ser condenados à morte para salvar judeus, e eles têm memoriais em Israel.

Críticos da nova legislação afirmam que ela pode suprimir o debate sobre diversos incidentes ocorridos durante a guerra em que poloneses promoveram ataques contra a população judaica ou colaboraram com o genocídio realizado pelos nazistas.

Os governos de Israel e dos Estados Unidos, grupos judaicos e historiadores vieram a público criticar a lei.

Desdobramentos diplomáticos continuaram no fim de semana, após o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki sugerir que também houve "criminosos judeus" durante o conflito. Desde que a lei entrou em vigor, também ocorreu um aumento no número de incidentes antissemitas na Polônia.

Kochan reconheceu que usar o neologismo "Polocausto" no nome do museu seria polêmico, mas ele citou um verbete em um dicionário informal online para sustentar que o termo é usado pelo menos desde 2012.

Ele também afirmou que o museu deveria reconhecer as mortes de judeus e sugeriu convidar o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para a inauguração. "Como os últimos debates mostraram, em Israel há um deficit de conhecimento sobre a Segunda Guerra Mundial", escreveu.

Este post foi traduzido do inglês.

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