Como o ex da MC Carol tentou matá-la e isso foi considerado lesão corporal

A explicação curta: machismo.

Nesta quarta-feira (04) acordamos com uma postagem da MC Carol, contando que o seu ex-marido pulou uma cerca elétrica, invadiu a casa dela e tentou matar a funkeira com um facão.

      

Ela postou no Facebook fotos da arma e as marcas que ficaram no rosto e nas mãos dela depois de entrar em uma luta corporal com o ex para se defender.

      

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Segundo a MC, o ex alegou como motivação fotos e vídeos na piscina, que a cantora postou recentemente nas redes sociais.

O ex de Carol, Alexsandro Oliveira, é conhecido por quem acompanha a carreira da funkeira.

      

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Em 2015, no reality show "Lucky Ladies", Carol mostrou um pouco de sua relação com o marido que tinha que ir dormir na prisão por ter prendido a cantora em cárcere privado.

Na época, em entrevista à TPM, Carol disse que a única coisa que fez com que ele mudasse foi denunciá-lo. “Fui à delegacia registrar a queixa e ele teve que se enquadrar”.

Mas, depois de nove anos juntos, em agosto do ano passado, eles se separaram. Na época, ela postou a seguinte mensagem.

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Neste vídeo, que ela postou no Instagram no caminho de volta da delegacia, Carol reclamou que o ex-marido não irá responder por tentativa de homicídio, e sim por lesão corporal.

"Você entra na casa de alguém com o facão na mão, tenta matar a pessoa, tive que entrar em uma luta corporal para não ser morta, minha mão é a prova, eu tenho um amigo como testemunha, os policiais pegaram ele em flagrante. E é lesão corporal, não é tentativa de homicício. Esse é o país que a gente vive".

Conversamos com a jurista Marina Ganzarolli, que disse é muito comum que o machismo estrutural culpabilize a vítima ou faça com que o tratamento criminal diminua a gravidade do delito.

"É muito comum que tentativa de feminicídio seja classificada como lesão corporal. No Rio de Janeiro e em todo o Brasil. Há um número maior de denúncias do que de boletins de ocorrência. Mesmo dentro nos dados do Ministério Público, o número de denúncias é menor do que o número de homicídios.

Quando acontece o uso de arma branca ou estrangulamento é quase sempre feminicídio porque aumenta o risco de letalidade contra uma mulher ainda que durante o processo, possa ser provado que não houve intenção de matar e o crime seja rebaixado para lesão corporal leve ou grave.

Existe um abismo de capacitação e sensibilização na porta de entrada do crime, a delegacia, e no deslinde do processo na justiça. O machismo estrutural na nossa sociedade faz com que se deixe de apontar um crime, culpabilizando a vítima ou fazendo com que o tratamento criminal diminua a gravidade do delito e é por isso que um estupro pode ser registrado como importunação ofensiva ao pudor como no caso do homem que ejaculou em uma passageira em um ônibus", explicou a jurista.

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ATUALIZAÇÃO (04/04, 18H53): A informação de que o Alexsandro Oliveira seria enquadrado em três crimes foi removida pois pelo princípio da consunção quando vários tipos penais que acontecem no mesmo contexto, o crime mais grave absorve os menores.

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