Como o ex da MC Carol tentou matá-la e isso foi considerado lesão corporal
A explicação curta: machismo.
Em 2015, no reality show "Lucky Ladies", Carol mostrou um pouco de sua relação com o marido que tinha que ir dormir na prisão por ter prendido a cantora em cárcere privado.
Na época, em entrevista à TPM, Carol disse que a única coisa que fez com que ele mudasse foi denunciá-lo. “Fui à delegacia registrar a queixa e ele teve que se enquadrar”.
Conversamos com a jurista Marina Ganzarolli, que disse é muito comum que o machismo estrutural culpabilize a vítima ou faça com que o tratamento criminal diminua a gravidade do delito.
"É muito comum que tentativa de feminicídio seja classificada como lesão corporal. No Rio de Janeiro e em todo o Brasil. Há um número maior de denúncias do que de boletins de ocorrência. Mesmo dentro nos dados do Ministério Público, o número de denúncias é menor do que o número de homicídios.
Quando acontece o uso de arma branca ou estrangulamento é quase sempre feminicídio porque aumenta o risco de letalidade contra uma mulher ainda que durante o processo, possa ser provado que não houve intenção de matar e o crime seja rebaixado para lesão corporal leve ou grave.
Existe um abismo de capacitação e sensibilização na porta de entrada do crime, a delegacia, e no deslinde do processo na justiça. O machismo estrutural na nossa sociedade faz com que se deixe de apontar um crime, culpabilizando a vítima ou fazendo com que o tratamento criminal diminua a gravidade do delito e é por isso que um estupro pode ser registrado como importunação ofensiva ao pudor como no caso do homem que ejaculou em uma passageira em um ônibus", explicou a jurista.