Alunas denunciam cartazes sobre falsa comunicação de estupro na Faculdade de Direito da USP

Os cartazes estariam em mural dedicado a avisos institucionais, protegido por uma estrutura de vidro.

Estão circulando nas redes sociais imagens de cartazes que estavam até ontem nos murais da Faculdade de Direito da USP em Ribeirão Preto.

Via Reprodução, Via Reprodução, Via Reprodução

Segundo ex-alunas, não é a primeira vez que cartazes com esse tipo de conteúdo são afixados no mural da Faculdade de Direito da USP.

No ano passado, cartazes diferentes, com mensagens semelhantes, foram colocados lado a lado a campanhas institucionais contra o estupro na faculdade.

Várias colegas se incomodaram contra os cartazes que se colocavam como uma contra-campanha que tentava invalidar e relativizar a discussão.

Na época, os cartazes acabaram sendo retirados pois não tinham a autorização da faculdade para estarem ali.

Mas neste ano, os cartazes estão nos murais institucionais da faculdade, protegidos por uma estrutura de vidro, o que a leva a crer que eles só podem estar ali autorizados pela mesma.

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Algumas pessoas defenderam os cartazes alegando que as denúncias falsas chegam a 80% dos casos. Mas este dado é resultado da má-interpretação desta matéria do Extra, publicada em 2012:

Reprodução / Extra / Via extra.globo.com

A manchete não se refere a casos de estupro em geral, somente a registros de abuso infantil em situações de acusação de alienação parental e briga pela guarda de crianças. Também levanta apenas os casos na cidade do Rio de Janeiro.

Não existem dados conclusivos sobre falsa comunicação de estupro no Brasil – nem sobre os próprios estupros, devido a sua subnotificação.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública estima que os registros de estupros que existem correspondam a apenas 35% do montante real de ocorrências.

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Mas estudos do exterior que tratam desse assunto afirmam que a taxa de falsas comunicações ficam entre 2% e 10%.

Shannontoth / Getty Images

Qual a motivação que uma mulher tem para comunicar sobre um estupro que não aconteceu e pelo qual ela será invariavelmente julgada a partir do prisma de uma cultura de estupro que culpabiliza a vítima – seja pela roupa, se estava bêbada, se tem certeza, e depois de se colocar nesta situação de vulnerabilidade e julgamento de sua honra, descobrir que dificilmente o agressor terá alguma punição mais séria?

Por sua vez, coletivos feministas e de outras minorias afirmam que a USP tem um histórico de tratar com descaso as denúncias de assédio sexual.

Em 2014, os relatos se tornaram tão frequentes que foi instaurada uma CPI para investigar os casos, a CPI dos trotes. Na ocasião, apenas três dos dez casos de estupro denunciados resultaram em sindicâncias.

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Entramos em contato com a Faculdade de Direito da USP e eles responderam dizendo que ainda estão averiguando o caso. O post será atualizado assim que tivermos novas informações.

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