
Advogado que defendeu Flávio Bolsonaro na ação que apura a rachadinha e que se afastou após a Operação Anjo, Frederick Wassef, afirmou que escondeu Fabrício Queiroz em sua residência em Atibaia, no interior de São Paulo por medo de uma possível tentativa de assassinato contra Queiroz e decidiu não avisar seus clientes.
"Eu omiti isso do presidente. Eu omiti do Flávio por motivos que me reservo ao direito de não dizer agora. O presidente da República jamais teve conhecimento da autorização para que o Fabrício, caso quisesse, pudesse estar nessas propriedades", disse, em entrevista exclusiva à revista Veja.
Fabrício Queiroz foi preso na última quinta-feira (18) em Atibaia, no interior de São Paulo, em operação do Ministério Público do Rio de Janeiro no âmbito do inquérito das rachadinhas. O sítio onde Queiroz foi detido pertence a Wassef. Em depoimento à polícia no dia da prisão, um dos caseiros afirmou que o ex-assessor estava no local há mais de um ano.
À Veja, Wassef afirmou que, inicialmente, abrigou Queiroz como uma ajuda humanitária, pois ele passava por um tratamento contra o câncer. Porém, o advogado afirma que descobriu um plano para matar Queiroz e colocar a culpa no presidente. Sem dizer quem estaria por trás da trama, Wassef acredita ter salvo a vida do ex-assessor.
"Passei a ter informações de que Fabrício Queiroz seria assassinado. O que estou falando aqui é absolutamente real. Eu tinha a minha mais absoluta convicção de que ele seria executado no Rio de Janeiro. Além de terem chegado a mim essas informações, eu tive certeza absoluta de que quem estivesse por trás desse homicídio, dessa execução, iria colocar isso na conta da família Bolsonaro. Havia um plano traçado para assassinar Fabrício Queiroz e dizer que foi a família Bolsonaro que o matou em uma suposta queima de arquivo para evitar uma delação".
Ainda durante a entrevista, Wassef diz não ter encontrado provas contundentes no processo, que não sabe onde está Márcia Oliveira de Aguiar, esposa de Queiroz e foragida da Justiça e sugeriu a participação dos governadores do Rio, Wilson Witzel, e de São Paulo, João Doria, na prisão de Queiroz.
"Os senhores lembram quando foi a busca e apreensão no Rio de Janeiro? Foi nessa busca, em dezembro, que as autoridades pegaram os telefones da mulher do Fabrício. Desde então, o Ministério Público já sabia que ele estava em Atibaia há muito tempo. Os senhores sabem o que aconteceu no dia da prisão do Fabrício Queiroz? Foi o início do processo de impeachment do governador do Rio de Janeiro. Uma curiosa coincidência. O que chega para mim é que essa operação hollywoodiana nada mais foi do que uma cortina de fumaça para desviar a atenção do impeachment do governador, com a participação especial do governo de São Paulo".

Mudança de versões
Em setembro de 2019, em entrevista à GloboNews, Wassef disse que não sabia onde estava Queiroz e que não era advogado dele.
Em maio deste ano, durante live do site UOL, ao ser perguntado se não achava que Queiroz deveria aparecer, Wassef disse: "Eu também acho que ele podia aparecer"
No domingo (21), três dias após a prisão de Queiroz, o advogado deixou a defesa de Flávio Bolsonaro. Via Twitter, o hoje senador afirmou que a decisão partiu de Wassef. Em entrevistas, o advogado dizia que não poderia falar sobre o tema.
“Não, porque eu não falei com o Queiroz, não tenho telefone do Queiroz, eu nunca troquei mensagem com o Queiroz. Então vamos fazer o seguinte: sobre a pauta Queiroz, eu só vou poder falar até o ponto que eu posso falar por uma questão de sigilo. Por quê? O que está por detrás dessa história envolve outras coisas que todo grande esquema, que está nessa história, que envolve as ‘rachadinhas’. Não dá para falar tudo isso agora”, afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional, no domingo.