Após ser acusada de blackface (usar maquiagem ou tinta para escurecer o tom de pele), uma sambista de São Paulo processou a página "Samba Abstrato" no Facebook por calúnia e difamação. No entanto, a Justiça deu ganho de causa para página.
Em publicação de janeiro deste ano, a página, que é focada em sátiras e críticas sobre apropriação cultural no carnaval pelo Brasil, denunciou a fantasia de Danielle Romani e o uso de maquiagem da sambista, que utilizou um tom bem mais escuro do que sua cor de pele, além de usar um cabelo crespo, ao invés do seu, um cabelo liso.
“Se a pessoa se expõe num espetáculo público e se preza a se pintar de preta, colocar cabelo crespo para fingir que é preta, que crime cometes ao dizer a verdade?”, se justificou a página em postagem, que foi apagada posteriormente.
Na ação por danos morais e retratação pública, Danielle afirma que a página vive a ofender pessoas. "A liberdade de expressão não é um cheque em branco".
Na decisão, publicada no último dia 19 de junho, a juíza Amanda Eiko Sato, da 1ª Vara Cível, afirmou que a sambista é figura pública e, por isso, sujeita a críticas.
"Note que os comentários destacados, apesar de ácidos, limitaram-se a fazer apontamentos a respeito da falta de genuinidade dos traços negros apresentados pela autora nos momentos em que se encontrava trajada para o Carnaval. Não foram publicadas ofensas à pessoa da requerente. O que houve foi a utilização de sua imagem para ilustrar o posicionamento da ré, que é contrário ao afastamento das tradições estéticas do Carnaval, que sabidamente possui raízes na comunidade negra", diz trecho da decisão.
Danielle ainda pode recorrer da decisão. O BuzzFeed News tentou entrar em contato com o escritório que representa a sambista, mas não obteve retorno.