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Este movimento está pedindo quarentena remunerada para as diaristas

1ª vítima do coronavírus no Rio foi empregada doméstica contaminada por patroa que tinha viajado à Itália.

Um grupo de parentes de empregadas domésticas e diaristas publicou um manifesto nas redes sociais pedindo que, durante a pandemia do coronavírus, as profissionais possam cumprir isolamento remunerado. Nas redes sociais, o coletivo ganhou o nome de "Pela Vida de Nossas Mães". A carta foi publicada após a morte de uma profissional do Rio de Janeiro, na última terça-feira (17), que teve contato com a patroa. Foi a primeira morte no estado por COVID-19.

O BuzzFeed News conversou com uma das idealizadoras do projeto, a atriz e professora de filosofia Juliana França, 29, que tem mãe e madrinha trabalhando como empregadas domésticas. Ela conta que, no momento, 70 pessoas estão envolvidas no projeto – cuidando de redes sociais e pensando em estratégias – e que não param de chegar relatos de preocupação com a exposição das trabalhadoras ao vírus.

"Eu e minha amiga, Adrielle Vieira, tivemos essa iniciativa há dias e conseguimos o apoio de diversas pessoas. A carta foi escrita a várias mãos. Tem pessoas de vários Estados, como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul. Todos, de alguma forma, têm parente que trabalha como empregada doméstica ou diarista", disse Juliana.

A carta publicada nas redes sociais na quinta-feira (19) traz relatos de parentes e sugestões de medidas que podem ser adotadas pelos patrões para auxiliar suas funcionárias.

Durante a elaboração do manifesto, a morte de uma empregada doméstica de 63 anos por conta do coronavírus foi confirmada. Ela teve contato com a patroa, que voltava de viagem à Itália e aguardava exame de confirmação.

"A gente vem acompanhando todo o processo dessa senhora. A princípio, nossa carta tratava esse caso como suspeita, esperamos sair a confirmação para publicar a carta. Essa senhora morava em Miguel Pereira, cidade que fica a 40 minutos de onde eu moro. Ficamos muito emocionados, afetados. A constatação é de que quem vai morrer são os pobres. A patroa continua viva, a empregada morreu".

Juliana e a família moram em Japeri, na Baixada Fluminense, uma cidades com cerca de 100 mil habitantes e um dos piores Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no estado do Rio de Janeiro. A mãe e a madrinha da jovem trabalham na zona sul do Rio de Janeiro – um percurso de mais de 2 horas. Apenas a mãe de Juliana conseguiu ser dispensada.

"A minha madrinha, que tem 75 anos e está no grupo de risco, trabalha na casa de uma senhora que mora sozinha, mas tem uma neta – que é quem faz a transferência do salário. Essa neta tem pouco contato com a avó, e minha reivindicação é que ela tome conta da parente dela e libere minha madrinha. Todo dia ela pega transporte público, se expõe ao risco. São anos de prestação de serviços e agora não se tem a mínima consideração. Aqui em Japeri a saúde pública é muito precária", disse Juliana.

Os relatos recebidos pela página vão na mesma linha. São dezenas de funcionárias se expondo ao risco para irem ao trabalho. O grupo promete promete publicar os relatos recebidos nas redes sociais.

Juliana pede bom senso e responsabilidade social de quem tem empregada doméstica e diaristas em casa, e pede ainda mais cuidado com essa segunda categoria.

"As diaristas não têm vínculo empregatício. Algumas empregadas ainda conseguem dialogar com patrão. Muitas dessas empregadas e diaristas trabalham na zona sul, onde existem casos confirmados, e moram nas periferias da cidade do Rio ou na Baixada Fluminense, correndo o risco de trazer o vírus pra cá. Estamos pautando isso, a importância das pessoas terem bom senso, é uma questão muito delicada, ainda mais com a morte da senhora de 63 anos."

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