Durante o panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro ontem à noite, houve gritos de "Volta, Temer" na Vila Nova Conceição, bairro residencial nobre de São Paulo com alta concentração de pessoas que trabalham no coração financeiro do país.
A pessoa que grava o vídeo grita "Volta, Temer" enquanto são ouvidos barulhos de panelas. Os vizinhos respondem com "Volta, Temer".
Depois, a vizinhança de Faria Limers emenda com "Temer mito!" e "Vai, Meirelles" – menção ao ex-presidente do Banco Central no governo Lula (2003-2010) e ministro da Fazenda de Temer (2017-2018), Henrique Meirelles.
No pequeno pedaço de 500 mil metros quadrados que concentra a sede de empresas que dominam 10% do PIB do país inteiro, há um clima geral de apreensão. O tombo que a Bolsa já tomou desde o início da crise do coronavírus já emparelha com crise sucedida pela quebra do Lehman Brothers em 2008.
O Ibovespa, índice que mede as negociações de ações das empresas, despencou. Em 23 de janeiro, o índice bateu seu recorde histórico, com 119 mil pontos.
Nesta quinta às 13h estava em 66 mil (depois de ter raspado em 61 mil mais cedo). Traduzindo em dinheiro: a destruição de 1,7 trilhão de reais em valor das empresas que estão na bolsa, segundo a conta do jornal Valor Econômico.
O circuit breaker, mecanismo que paralisa as negociações da bolsa quando a queda supera 10%, já foi acionado 7 vezes nas últimas semanas.
Ninguém sabe onde fica o fundo do poço do mercado de ações já que as projeções de crescimento no Brasil e no mundo estão sendo rebaixadas por causa dos impactos econômicos (ainda desconhecidos) do coronavírus.
Embora a Bolsa brasileira acompanhe o movimento de crise global, começam a aumentar entre economistas e por pessoas ligadas ao setor produtivo as críticas ao presidente e aos seus familiares por conta da gestão da crise.
A última foi crise fabricada pelo Twitter do deputado Eduardo Bolsonaro, que culpou a China pelo coronavírus e recebeu uma resposta dura do embaixador chinês no país, Yang Wanming.