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13 das imagens mais icônicas da história da fotografia de rua

"Quando saí daquela sessão e fui para a rua, o mundo de repente estava muito vivo e com possibilidades que antes pareciam invisíveis para mim."

Por mais de meio século, o lendário fotógrafo Joel Meyerowitz encontrou inspiração nas ruas. Em espaços públicos, para os quais a maioria dos transeuntes não olhariam duas vezes, Meyerowitz criou uma vida inteira de trabalho através de seu olhar aguçado e de sua sagacidade. Aos 82 anos, o artista está produzindo mais do que nunca.

Em um novo livro chamado "How I Make Photographs" ("Como eu faço fotografias", em tradução livre), Meyerowitz revela os segredos de sua carreira prolífica como fotógrafo de rua descrevendo as dicas e truques que o mantiveram inspirado e produtivo ao longo do tempo. O livro compartilha informações sobre as fotos mais icônicas de toda a carreira de Meyerowitz e é uma verdadeira carta de amor à fotografia.

The book cover for "How I Make Photographs" by Joel Meyerowitz shows a man playing a harmonica and smoking a cigarette on the sidewalk while other pedestrians stare at him

Aqui, Meyerowitz fala com o BuzzFeed News sobre como sua carreira começou e compartilha alguns conselhos para manter-se inspirado e criativo durante o distanciamento social.

Você pode nos contar um pouco sobre como entrou para fotografia e aonde isso o levou?

Eu, na verdade, era um pintor de arte abstrata na cidade de Nova York quando estava na pós-graduação. Tinha um trabalho como designer gráfico em uma pequena empresa, e meu chefe me enviou para observar um fotógrafo que estava tirando as fotos de um livreto no qual estávamos trabalhando. No fim das contas, o fotógrafo era o lendário Robert Frank. Fotografia era algo com que eu não me importava ou de que eu não sabia nada — até onde eu sabia, fotografia tinha a ver com moda e publicidade. Mas, enquanto observava Robert Frank trabalhar, tive um estalo e pensei comigo mesmo: Meu Deus.

Quando saí daquela sessão e fui para a rua, o mundo de repente estava muito vivo e com possibilidades que antes pareciam invisíveis para mim. De repente, parecia haver um significado. Quando voltei para o meu escritório naquela tarde, pedi demissão. Então, para mim, a gênese foi um reconhecimento instantâneo de que a fotografia pode ser capaz de paralisar momentos que eram realmente invisíveis.

A man lies on the ground in the middle of a crowded city street while a cyclist and pedestrians look at him
A young woman stands next to a tree and stares into the camera while surrounded by people at a crowded function

A partir daí, eu fui para as ruas e comecei a fotografar. Eu não sabia de nada, então, coloquei um filme colorido na câmera e fotografei em cores. Fotos em preto e branco eram o padrão na época. Então, quando comecei a mostrar minhas fotos para amigos, todos me diziam que elas deveriam ser em preto e branco se eu quisesse ser levado a sério. Pensei comigo mesmo: "Mas o mundo é colorido! Por que eu deveria fotografar em preto e branco? Eu realmente não conseguia entender.

Também tentei encontrar livros sobre o assunto, mas logo percebi que não havia muitos. Não como hoje, que há um livro por minuto — naqueles tempos, realmente não havia nada para ver. Ocasionalmente, descobri três livros que se tornaram minha orientação: The Americans, de Robert Frank, The Decisive Moment, de Henri Cartier Bresson, e American Photographs, de Walker Evans. Alguns leem romances de mistério e acabam se tornando escritores de mistério, enquanto outros leem poesia e descobrem seu talento para se tornarem poetas. É a literatura que você lê que o guia para a verdade, e esses três livros me mostraram o que a fotografia deve ser. Eu me lembro de quando vi o livro de Robert Frank pela primeira vez. Ele me surpreendeu por ser uma visão sombria e poética dos Estados Unidos. Eu esperava um dia também poder fazer um livro de fotografia como aquele.

Você pode nos contar sobre seu novo livro, How I Make Photographs? O que fez você querer escrever um livro com ensinamentos?

Essa é uma ótima pergunta, e uma sobre a qual precisei refletir antes de começar o livro. Eu pensei sobre como foi para mim quando vi o livro de Robert Frank pela primeira vez. Honestamente, eu escrevi esse livro para a nova geração de fotógrafos, que eu gosto de chamar de geração smartphone.

Há um bilhão de pessoas no planeta carregando um telefone por aí, todos os dias, e elas estão fazendo todo tipo de fotos. A maioria dessas fotos são centralizadas e com aspecto familiar, mas de vez em quando alguém é pego de surpresa e tira uma foto com características e qualidade incríveis. Eles talvez olhem e digam: "Uau, eu fiz isso? Quero me tornar melhor." Foi para essas pessoas que eu quis fazer esse livro. Ele é como um presente de tudo o que eu sei. Não tenho nenhum segredo para guardar. Acho que é isso que você precisa fazer enquanto artista — dar tudo o que você aprendeu e permitir que as pessoas façam algo com isso por conta própria.

The parking lot of a fast-food restaurant at dusk
A woman carries flowers through a city park
A man in sunglasses sits in a café while crowds of pedestrians are visible through the window

No momento, muitos fotógrafos estão presos em casa devido à pandemia. Como alguém consegue manter a criatividade enquanto trabalha no mesmo ambiente todos os dias e com pouca ou nenhuma interação humana?

Eu passei dois meses confinado quando estava em Londres. Todo dia, nós podíamos sair para uma caminhada ou para fazer exercício por uma hora, o que me obrigou a ser criativo tirando fotos dentro de casa. Quando você fica no mesmo espaço dia após dia, precisa abrir os olhos para o que há naquele ambiente.

Como minha esposa é escritora e eu sou fotógrafo, publicamos um desafio nos nossos feeds do Instagram pedindo que os nossos seguidores nos enviassem suas fotos tiradas dentro de casa ou até mesmo um ensaio ou história temática sobre ficar em casa. Decidimos que, se conseguirmos encontrar 25 escritores ou fotógrafos, publicaremos o trabalho em um livro. A essa altura, devemos ter 1.900 fotos!

As pessoas responderam ao desafio de maneiras incrivelmente criativas. Algumas das sugestões que oferecemos são observar a luz do seu quarto ou apartamento e ver como ela se comporta ao longo do dia. E quanto à própria estrutura de seu ambiente? Como são as paredes? Como elas encontram o chão? Qual é a aparência dos móveis? Olhe para as coisas como se nunca as tivesse visto antes, como se você fosse um marciano pousando em um planeta misterioso em estado de graça.

Durante sua longa carreira, o que o manteve motivado de década para década?

Acho que todo artista que leva seu meio realmente a sério chega a um ponto em que atinge um tipo de limite — quando você se pergunta: "Isso é tudo que existe?" É fácil se acomodar nesse ponto e escolher permanecer em um platô, e há artistas que conseguem fazer isso, até colegas meus que, da minha perspectiva, não se desenvolveram.

Eu, talvez por ter um passado em história da arte, continuei fazendo perguntas sobre a fotografia, como: que outras ideias uma foto consegue encapsular? Sempre pensei na fotografia como algo sobre ideias. Sim, uma foto pode parecer uma imagem, mas, na verdade, há nela o poder orgânico de uma ideia sobre algo, seja ele espaço, luz, tempo ou as inter-relações entre coisas desconectadas. Uma foto em 35 mm é só um retângulo, e todos têm o mesmo espaço com o qual trabalhar, mas o que você pode criar e inventar dentro desse espaço é como você se desenvolve.

A woman's face is obscured as she sits in the ticket booth at a movie theater
A young man rests in the passenger seat of a classic car

Vou lhe dar um exemplo: eu estava em Londres comemorando a noite de Ano-Novo. No dia seguinte, acordei e pensei comigo: Que tipo de desafio esse ano pode trazer? É claro que ninguém sabia que haveria uma pandemia, mas, naquele momento, eu me desafiei a começar a fazer autorretratos. Estou com 82 anos, e isso é algo que eu realmente ainda não fiz. Até o momento, tirei 800 autorretratos.

Na sua experiência, o que faz um bom fotógrafo?

Há tantas maneiras de interpretar essa pergunta, mas eu acho que o que vimos na história da fotografia é que um bom fotógrafo normalmente revela algo de seu interior. Você aprende algo sobre a inteligência do fotógrafo, seu timing ou visão, como ele consegue aproveitar o momento inesperado e extrair algo substancial disso, como significado, poesia, beleza ou tragédia.

Muitos fotógrafos começam com dificuldade. As pessoas tendem a usar a abordagem tradicional ao tirar fotos, sobretudo os amadores, que não têm muita experiência. Eles querem acertar o alvo. Mas, à medida que seus olhos se tornam mais sofisticados, eles começam a ver que o enquadramento em si é uma bela potência que pode ser preenchida com informações. Se uma foto consegue transcender tudo o que há nela, de modo que o fotógrafo desapareça e seu esforço e seus truques se apaguem, as pessoas conseguem entrar na imagem e aproveitar a experiência de uma foto interessante. Eu não sei o que torna uma foto boa ou ruim, mas, para mim, o primeiro acesso à imagem é o pensamento: Ah, isso é interessante. Assim como a vida, de certa forma.

People sit on a city bus
A man plays harmonica on a crowded city street
A man and a woman carry flowers on a city street
A man carries a large white dog on a city street
A man looks on at a second man holding a dog on a chain leash
Two boys standing on the sidewalk watch a motorcycle drive by

Este post foi traduzido do inglês.

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