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LGBTQs fazem caravana para torcer pela Tiffany Abreu em jogos de vôlei

O plano é ir a todos os jogos da primeira transexual da SuperLiga brasileira até o fim do torneio, em abril.

No jogo de 2 de março, o São Caetano, time adversário do Associação Vôlei Bauru, vestia uniforme rosa. Mas também estava de rosa um time que apoiava Tiffany Abreu, a primeira jogadora transexual da SuperLiga brasileira, que honra a camisa número 10 do Bauru.

A turma de LGBTQs que estava na arquibancada naquela noite de sexta, em São Caetano do Sul, tinha enchido dezenas de bexigas cor-de-rosa, azul-bebê e brancas, as cores da bandeira transexual, além da camiseta rosa-choque.

A trupe vem acompanhando a artilheira nos últimos três jogos. Uma dúzia de pessoas foi aos jogos em Osasco, Barueri e São Caetano do Sul. Até pensaram em fazer uma caravana para Valinhos, mas houve problemas práticos na viagem para a cidade, a cerca de 100 km de São Paulo.

O plano é ir a todos os jogos até o fim do torneio, em abril.

“Se a Tiffany estiver dentro das quadras, a gente pode estar nas arquibancadas”, diz a escritora travesti Amara Moira, que teve a ideia de montar a caravana e a divulgou com ajuda do coletivo Revolta da Lâmpada. “O que está acontecendo é uma revolução no esporte.”

Enquanto o pedaço colorido da torcida batia palmas, pulava e sofria a cada jogada da artilheira, que chegou a marcar 36 pontos em uma partida e quebrar o recorde da SuperLiga de 2018, parte da arquibancada vaiava as jogadoras do Bauru, inclusive Tiffany, cada vez que relavam na bola.

“Percebi que o pessoal fica mais incomodado, porque sempre vamos torcer pelo time adversário ao time da casa”, disse o advogado Luis Ota Arruda, que ia pela primeira vez a um jogo da liga. “Quanto a sermos LGBTQ, tem sempre uns héteros cis machos pra fazer cara feia, mas não ouvi ofensa nenhuma.”

“RESPEITO EM QUALQUER LUGAR”

Por mais que cumpra os requisitos do Comitê Olímpico Internacional, que regula o nível de hormônios no sangue para determinar se um atleta integra o time masculino ou feminino, Tiffany teve sua legitimidade questionada por outros esportistas, por colunistas e nas redes sociais.

A jogadora aposentada Ana Paula Henkel publicou em seu Twitter: “...a maioria não acha justo uma trans jogar com as mulheres. E não é. Corpo foi construído com testosterona durante toda a vida. Não é preconceito, é fisiologia.”

Mtas jogadoras ñ vão se pronunciar c/medo da injusta patrulha, mas a maioria ñ acha justo uma trans jogar c/as mulheres. E não é. Corpo foi construído c/testosterona durante tda a vida. Não é preconceito, é fisiologia. Pq não então uma seleção feminina só com trans? Imbatível. https://t.co/rnGM5fTZtr

Por recomendação do seu time, Tiffany está se recusando a dar entrevistas até o fim do torneio, mas disse ao BuzzFeed News que fica emocionada com o apoio do grupo. “Nós merecemos respeito em qualquer lugar.”

O Bauru perdeu o jogo do dia 2 de março por três sets a um. Ainda assim, parecia haver uma comemoração na mureta que divide a lateral da quadra da arquibancada. Tiffany recebeu sua torcida organizada e outros fãs na beirada da quadra.

Quando já era quase meia-noite e o grupo de dispersava, se aproximou uma adolescente vestindo a camiseta do time adversário. Ana Luisa Faria, 15, abraçou a atleta e, depois da selfie, falou: “Tiffany, para mim, você foi a ganhadora de hoje”.

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