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Veja a história por trás do TikTok que viralizou, mostrando um bebê sendo jogado em uma piscina

A mãe do menino e a instrutora de natação explicaram o método ao BuzzFeed News, mas profissionais do esporte acharam o vídeo controverso.

Krysta Meyer, de 27 anos, é mãe de dois meninos em Colorado Springs (EUA), e abriu uma conta no TikTok em fevereiro. Antes desta última semana, seus vídeos atraíam alguns milhares de visualizações cada, se tivesse sorte.

Mas, em apenas 3 dias, um de seus vídeos apresentando seu filho mais novo, Oliver de 8 meses, viralizou incrivelmente, sendo visualizado mais de 51 milhões de vezes no TikTok e outras 20 milhões de vezes no Twitter.

O clipe mostra o bebê sendo jogado em uma piscina por uma instrutora de natação.

"Oliver me surpreende a cada semana!", era a legenda dela. "Não acredito que ele mal tem 2 meses e está pegando tão rápido. Ele é um peixinho."

@mom.of.2.boyss

Oliver amazes me every week! I can’t believe he is barely 2 months in and is catching on so fast. He is a little fish. #baby #swim

♬ original sound - mom.of.2.boyss

Mais de 100.000 pessoas comentaram no TikTok, com alguns fazendo piadas e outros expressando apreensão pelo jovem Oliver.

O vídeo também se tornou um tipo de meme no Twitter.

First year medical post-grad student's orientation class during COVID19 -

Meyer, que filmou o vídeo no sábado na Little Fins Swim School, onde ela há muito tempo leva seus dois meninos para as aulas, disse ao BuzzFeed News que sabe que o clipe é controverso e chocante para muitas pessoas.

"Muitas pessoas estão vendo uma criança ser jogada na água e pensando, Isso não é bom! Você não deveria estar fazendo isso!", ela disse. "Tenho recebido ameaças de morte. Pessoas me disseram que sou o pior tipo de mãe, que estou colocando meus filhos em perigo e que estou traumatizando eles."

Mas Meyer quer que as pessoas saibam que essa não é a aula de natação normal. É o que se chama de uma aula de sobrevivência infantil.

"Toda a premissa por trás do que fazemos é a segurança", disse a sócia da Little Fins, Lauri Armstrong. "Ensinamos crianças de 8 meses a avaliar a situação e encontrar uma estratégia de saída (na água). Sei que parece loucura."

Armstrong tem sua escola de natação há mais de sete anos, e treina suas instrutoras por meses para ministrar essa aula especializada, desenvolvida para crianças pequenas a partir de 6 meses. O objetivo não é ensinar os bebês a nadar, mas a ficarem confortáveis na água, aprender como se recuperarem, se virarem em caso de queda e a flutuarem de costas.

Tais programas, que dependem da memória muscular dos bebês de estarem no útero, existem há décadas, mas não sem críticas. Um relatório de 2017 do Reino Unido alegou que a prática era traumática para cérebros jovens, enquanto que a American Academy of Pediatrics (AAP) disse em 2000 que não haviam dados para mostrar se tais programas afetavam o risco de afogamento. No entanto, a AAP disse no ano passado que toda criança acima de 1 ano deveria aprender a nadar.

Mas, ativistas contra o afogamento nos EUA dizem que aulas com crianças pequenas podem salvar vidas. A organização sem fins lucrativos "Water Smart Tots" diz que as crianças devem ser ensinadas sobre "segurança na água e habilidades de natação o mais cedo possível".

Jenny Bennett, que co-fundou o "Parents Preventing Childhood Drowning", depois que seu filho de 18 meses se afogou em uma piscina de quintal em 2016, disse ao BuzzFeed News que as crianças devem começar a trabalhar com os instrutores assim que tiverem mobilidade.

"Em algumas crianças, isso é a partir dos 6 meses", disse. "Se eles são capazes de engatinhar, são capazes de engatinhar para um corpo de água."

Um destacado grupo, o "Infant Swimming Resource", diz que eles ensinaram mais de 300.000 crianças desde o desenvolvimento de seu método, há 50 anos, e têm documentado mais de 800 casos em que suas técnicas de ensino salvaram vidas.

Armstrong, a proprietária da Little Fins, insistiu que suas instrutoras são altamente treinadas e trabalham com cada bebê no ritmo dele, e em um ambiente seguro e controlado. Ela admitiu que há um pouco do "fator choque" para as pessoas assistindo ao vídeo de Meyer e vendo um bebê ser jogado na água, mas ela disse há um motivo importante pelo qual suas instrutoras usam esse método.

"Quando crianças caem em corpos de água, geralmente não é bonito. É frequentemente muito desorientador", ela acrescentou. "Eles têm que aprender a subir e se recuperar por eles mesmos."

A sobrinha de Armstrong, de 18 anos, Jill, era a instrutora trabalhando com o pequeno Oliver no TikTok que viralizou, e disse que os bebês adoram suas aulas.

"Isso definitivamente não é algo que simplesmente acontece na primeira aula", ela disse sobre tê-lo jogado, observando que primeiro ela ensina aos bebês como flutuar e rolar de costas. "Nunca sabemos quando uma criança vai cair dentro d'água, então queremos que elas estejam prontas, seja qual for a situação.

Mas Bennett, a co-fundadora do "Parents Preventing Childhood Drowning", disse que não está confortável com alguns dos lançamentos que acontecem na Little Fins, dizendo que eles têm sido feitos de "alturas irrealísticas".

"Quando vi pela primeira vez (o TikTok), achei que era chocante", disse. "Não é muito alto onde a criança é jogada na água, mas já vi alguns neste local em que a criança é segurada de cabeça para baixo e jogada. Isso é muito irrealístico e poderia causar danos potenciais."

De fato, um vídeo que Meyer publicou de seu filho mais velho, Jayce, em março, mostra tal método nas instalações da Little Fins. (Este vídeo também atraiu milhões de visualizações nos últimos dias, de pessoas percorrendo a conta de Meyer.)

@mom.of.2.boyss

one of the best decisions I ever made was putting Jayce in swim classes. Gives me a peace of mind my child is safe around water.

♬ Seven Nation Army [Remix] ( Battlefield 1- Trailer Music) - The White Stripes

"Esse é um exemplo de um cenário irrealístico", disse Bennett. "Se uma criança estivesse nessa posição, não seria um acidente, seria considerado um homicídio."

Liz Huber, fundadora e diretora da "CAST Water Safety Foundation", um grupo de Illinois (EUA) que ensina natação infantil, disse ao BuzzFeed News que suas aulas implicavam em as crianças "correrem" na piscina como se tentando alcançar um brinquedo ou sair das escadas, mas que não incluem os lançamentos.

"Não consigo pensar em uma situação em que naturalmente incluísse força desse jeito", ela disse sobre o vídeo do TikTok. "Temos uma abordagem muito mais gentil."

Ashleigh Bullivant, diretora executiva do Infant Swimming Resource, também disse ao BuzzFeed News que as "técnicas de seu grupo jamais tolerariam jogar uma criança dentro da água".

Outra cadeia de escolas, Infant Aquatics, também deixa claro em seu site, "Tenha certeza, não jogamos crianças dentro da água! "

Armstrong, proprietária da Little Fins owner, disse que as técnicas de seu grupo são desenvolvidas intencionalmente para desorientar a criança como se estivesse caindo de um barco. A ideia, ela salientou, é preparar para o pior.

"Mas não jogamos os bebês até que saibamos que estão prontos", acrescentou.

Huber, a instrutora de Illinois, disse que ela ainda estava receosa com o método.

"Queremos realmente prepará-los para as mais diversas situações que podemos pensar", disse. "No entanto, não acho que aquele tipo de força e dinâmica sejam necessárias para simular a desorientação. Posso imaginar de onde vêm, mas é demais para mim."

Mas Armstrong disse que pais interessados em que seus filhos aprendam as técnicas precisam trabalhar com os instrutores, não agir por conta própria.

"Por favor, não joguem seu bebê e tentem que ele faça isso sem treinamento!", disse.

De sua parte, Meyer diz que está totalmente confortável com as aulas.

"Eu os tenho em aulas de natação em um ambiente controlado e com instrutores certificados", disse. "Me sinto muito mais confortável sobre meus filhos estarem perto da água, e de poderem ter a oportunidade de lutar para sobreviver.

"Tenho os melhores interesses dos meus filhos em mente."

Este post foi traduzido do inglês.

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