Este barbeiro realizou o sonho de conhecer o mundo e agora quer incentivar jovens a fazer o mesmo

Para o Gerson, intercâmbio é para todos, sim.

Quando era criança na Baixada Fluminense, Gerson Saldanha ouviu da mãe que seu nome significava "peregrino, viajante". E ficou encantado com aquilo.

Reprodução

A mãe de Gerson é cuidadora de idosos e o pai, pedreiro. Ela terminou o Ensino Médio ano passado e ele parou na oitava série.

"Não tinha dinheiro para viajar, então minha mãe disse que, se eu estudasse, um dia poderia pagar minhas viagens", contou Gerson ao BuzzFeed Brasil.

Foi assim que Gerson decidiu se dedicar aos estudos. Mas ele confessa que não era nenhum gênio. "Ficava no meio termo, a menos que a matéria fosse do meu agrado, como Português e Inglês. No resto era mediano", completa. "Exatas, Deus me livre!", ri.

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Como a escola pública não oferecia uma estrutura completa, Gerson e os amigos davam um jeito. "Eu curtia muito ir para a escola. Tinha um grupo de amigos e incentivávamos uns aos outros a melhorarmos nossas notas", conta.

Quando terminou o Ensino Médio, Gerson entrou para a Marinha. Lá dentro, fez um curso de barbeiro. E foi na barbearia que um dia deixaram um jornal que mudaria a vida dele.

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Uma das páginas anunciava um concurso de redação. O prêmio era um curso de intercâmbio nos Estados Unidos.

"A pergunta era 'Qual conexão geek você leva na bagagem?'", relembra Gerson. E o resultado...

"Fiquei surpreso, não esperava ganhar e ao mesmo tempo fiquei assustado porque nunca tinha viajado para fora do Brasil".

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A passagem, hospedagem e o curso eram custeados pela promoção. Mas Gerson juntou economias para comprar um casaco e se manter por lá.

De volta ao Brasil, cursando Relações Internacionais, Gerson começou a bater de porta em porta nas escolas públicas, disposto a dividir sua experiência.

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As palestras têm como objetivo inspirar estudantes de escolas públicas a fazer intercâmbio.

Gerson compartilha links com oportunidades de bolsas e concursos, além de falar sobre a importância de estudar como um meio para mudar de vida. Claro que tudo isso fica muito mais convincente quando vêm de alguém que viveu esta experiência na pele.

Gerson é um viajante leve. Além da vontade de dividir sua experiência, sua bagagem volta só com pequenas lembranças de viagem: os chaveiros dos lugares por onde passou.

Arquivo Pessoal

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Depois da primeira viagem, Gerson também visitou Londres. Nos planos, estão Amsterdam e Tóquio, "por serem lugares muito distintos".

Mas, se aparecessem R$ 10 mil na sua conta, Gerson sabe bem o que faria primeiro. "Se eu tivesse R$ 10 mil investiria no nosso projeto, chamado "Internation Student - Brazil", que é um desdobramento do meu primeiro projeto, o 'O Que Eu Trouxe Na Bagagem'", diz.

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