10 mulheres pretas brasileiras que você deveria conhecer

Conhecer a história é evitar que ela se apague.

1. Dandara, a guerreira que lutou contra o trabalho escravo antes da Princesa Isabel.

Nossa Causa / Via nossacausa.com

Uma capoeirista forte e guerreira que aprendeu a lutar com espadas que ela própria fabricou, Dandara planejava e liderava ações de combate para libertação dos escravos. Isso é o que os relatos populares contam sobre a rainha fodona do Quilombo dos Palmares, companheira de Zumbi! Os detalhes ou registros oficiais de onde ela nasceu e como chegou ao maior quilombo das Américas não são muitos, mas a história conta que após ser presa ela não quis retornar à condição de escrava e se suicidou se jogando de uma pedreira ao abismo.

2. Maria Felipa de Oliveira, a heroína negra da Independência da Bahia.

Geledes / Via geledes.org.br

Felipa se destacava por liderar um grupo de mulheres valentes, conhecidas como “as vedetas da praia”. Vivia da venda de mariscos, mas também tinha habilidades de capoeirista e sua coragem ajudou a botar os portugueses para correr da sua cidade, Itaparica. Os europeus foram surpreendidos pelo ataque de Maria Felipa e suas vedetas, conhecedoras do território. Munidas de peixeiras e galhos da planta de cansanção, elas surraram os soldados e queimaram as embarcações com tochas feitas de palha. Se isso não é ser uma mulher fodona, eu não sei o que é...

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3. Tia Ciata, a mulher que cedeu o quintal que foi berço do samba no Brasil.

Wikipedia / Via pt.wikipedia.org

Hilária Batista de Almeida, é fodona porque abriu seu quintal, que ficava localizado na Pequena África (como era conhecido o bairro que abrigava negros, judeus e imigrantes no Rio de Janeiro) para ser o “berço do samba”. Na época o samba sofria repressão, mas na casa da Tia Ciata era diferente: ela era curandeira, conhecida entre autoridades e protegida entre os policiais.

Mas não para por aí, além de ser uma anfitriã maravilhosa que recebia convidados como Pixinguinha, Donga e Heitor dos Prazeres com boa comida, Ciata era também a rainha da festa. Dançava e puxava as rodas de partido alto e miudinho como ninguém. As festas em sua casa eram uma forma de divulgar os sambas novos, pois o rádio ainda não existia.

O primeiro samba registrado no Brasil, chamado "Pelo Telefone", composto por Donga, foi gravado na casa de Tia Ciata.

4. Carolina Maria de Jesus, a mulher que se tornou uma das grandes referências da literatura brasileira.

Revista Cult / Via revistacult.uol.com.br

Carolina trabalhava como catadora de papel e no tempo livre, usando cadernos que encontrava nas ruas, registrava o cotidiano da vida na favela. Foi o jornalista Audálio Dantas, em reportagem na favela que Carolina morava, que a encontrou reclamando do barulho de outros moradores que atrapalhavam a sua escrita.

Assim, ele descobriu um diário, que editou transformou no livro "Quarto de Despejo", lançado em 1960. Esse é o primeiro documento a mostrar em primeira pessoa a realidade de ser mulher, negra e pobre no Brasil e chamou atenção de intelectuais como Clarice Lispector e Jorge Amado. "Quarto de Despejo" foi traduzido para 14 línguas e publicado em mais de 40 países. Ainda hoje é livro obrigatório na literatura brasileira, considerado um dos marcos da escrita feminina no Brasil.

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5. Antonieta de Barros, a primeira líder negra a assumir um mandato popular no Brasil

Justificando / Via justificando.com

Filha de uma ex-escrava, a catarinense foi pioneira na luta por igualdade racial. Sempre defendeu a educação de qualidade e acessível para todas as mulheres, a emancipação feminina e a valorização da cultura negra. E para isso encontrou diversos caminhos para chegar ao seu objetivo. Foi professora, escritora, jornalista e a primeira deputada estadual negra do país em 1935 e reeleita em 1947.

6. Dona Ivone Lara, a primeira cantora da história do samba a se consagrar também como compositora.

Wikipedia / Via pt.wikipedia.org

Yvonne da Silva Lara começou cedo na música: aos 13 já tinha cantado sob a regência o maestro Heitor Villa-Lobos. Se formou em enfermagem e assistência social e trabalhou com a psiquiatra Nise da Silveira. Mas foi no samba que se destacou como a mulher fodona que foi. Ela sempre compunha sambas, mas apresentava como se fossem do seu primo Fuleiro, que também era compositor, pois escritos por um homem eles teriam mais chances de ser aceitos. Fez sua fama na escola de samba Império Serrano, mas só estreou na ala de compositores em 1965 com o enredo “Os cinco bailes tradicionais da história do Rio”, o primeiro samba-enredo de uma escola de elite assinado por uma mulher.

Assim, ela abriu caminho para que outras pudessem participar das rodas de samba, que era um ambiente predominantemente machista. Dona Yvone salvou o samba feminino.

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7. Ruth de Souza, a primeira atriz negra a ser protagonista em novelas.

O Globo / Via oglobo.globo.com

Se seus pais eram noveleiros, você já viu a Ruth Pinto de Souza. A carioca que desde criança sonhava em estar nos palcos se tornou a primeira grande atriz negra do teatro, do cinema e da televisão brasileiros. Lendo uma revista, descobriu um grupo de atores liderados por Abdias do Nascimento, o Teatro Experimental do Negro e se uniu ao grupo. Fez história em sua estreia como primeira atriz negra a representar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1945. Pioneira na TV brasileira, participou de programas de variedades e musicais no início das transmissões da Tupi. Em 1969 fez parte do elenco da TV Globo onde se tornou a primeira negra a protagonizar uma novela, "A Cabana do Pai Tomás".

8. Zica Assis, uma das maiores empresárias brasileiras.

Beleza Natural / Via belezanatural.com.br

Aos 33 anos, Zica Assis trabalhava como empregada doméstica e criava três filhos. Idealizou o projeto Beleza Natural ao descobrir que 70% da população brasileira tem cabelo crespo. Ela aproveitou o insight e colocou todo o dinheiro que tinha na ideia inovadora de montar uma rede de salões de beleza especializados em cabelos crespos. Hoje a sua empresa está espalhada por todo Brasil e a Zica foi parar na lista das dez mulheres de negócios mais poderosas do país segundo a revista Forbes. Ninguém segura essa mulher!

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9. Eliane Dias, a empresária que ocupou um lugar predominantemente machista e se tornou uma das mais importantes vozes negras no país.

Geledés / Via geledes.org.br

Eliane Dias conheceu o Mano Brown, lider dos Racionais MC's, na sua casa e se casaram logo depois. Um dia, ele pediu para ela tirar os passaportes para uma viagem com a banda para os Estados Unidos, mas foi impedida porque segundo o empresário musical, "não era legal ter mulher na viagem". Ela ficou tão indignada com a situação, que quando o Mano Brown voltou de viagem, ela tinha se matriculado em um cursinho pré-vestibular. Se formou em direito, tirou a OAB e trabalhou com articulação política. E para você ver como a vida dá voltas, a mulher que antes foi recusada em uma viagem da banda do marido foi chamada para cuidar da banda. Fodona que é, não ficou só por aí, um tempo depois assumiu a Boogie Naipe, que hoje cuida da carreira de várias bandas. Além de empresária, mãe de dois filhos, Eliane é considerada uma das mais importantes vozes de causas femininas e negras do país, atuando como coordenadora do programa antirracismo da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o S.O.S. Racismo.

10. Sueli Carneiro, intelectual que criou o único programa brasileiro de orientação na área de saúde para mulheres negras.

Sueli Carneiro / Via geledes.org.br

Sueli tem tantos títulos que merece um parágrafo só pra contar: é filósofa, doutora em educação pela Universidade de São Paulo (USP), escritora, ativista do movimento feminista e da luta antirracista e também ajudou a fundar o Geledés – Instituto da Mulher Negra, uma das principais referências sobre as questões raciais no país. Direcionou toda sua inteligência, força e determinação para questão da mulher negra e assim criou o único programa brasileiro de orientação na área de saúde física e mental específico para mulheres negras. Ela também criou o Projeto Rappers, onde os jovens são agentes de denúncia e multiplicadores de consciência de cidadania dos demais jovens.

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A busca pela história importa!

Os negros no Brasil sempre tiveram situação de invisibilidade histórica e personagens como essas mulheres nos ajudam a recuperar e construir novas narrativas. Atualmente nós temos o Museu Afro Brasil, em São Paulo e o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, no Rio de Janeiro que possuem acervos gigantes e outros grande nomes que precisam de visibilidade para justificar sua existência. Procurem conhecer outras histórias de mulheres fodonas para não deixar que elas se apaguem!

Para conhecer mais histórias dos reis e rainhas negros, acompanhe a estreia de "Sangue Azul", mini-doc do BuzzFeed Vozes e Blue Note São Paulo com Alê Santos, no Youtube do BuzzFeed Brasil dias 18, 19 e 20 de Novembro.

crédito: Thiago Amarante/BuzzFeed Vozes

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