Aqui estão os principais pontos do discurso da Ana Júlia
Vídeo é sobre as ocupações de escolas no Paraná e não para de ser compartilhado.
Ana Júlia, que fala por cerca de 10 minutos para defender a legitimidade das ocupações de escolas no Paraná, começa o discurso com uma pergunta bem simples.
“Eu acredito que todos aqui já saibam essa resposta. E é com a confiança que vocês conhecem essa resposta que eu falo para vocês sobre a legitimidade deste movimento”, continuou Ana.
Cerca de 800 escolas estaduais estão ocupadas no Paraná (há quem fale que já são quase mil). Os estudantes estão mobilizados contra a PEC 241, que estabelece um teto de gastos e limita o orçamento para Educação, e contra a reforma do Ensino Médio, anunciada por Michel Temer no mês passado (Artes, Educação Física e Espanhol deixarão de ser obrigatórios, por exemplo).
Alunos como Ana Júlia reclamam que as mudanças chegaram por meio de uma medida provisória, sem um debate prévio com o Congresso Nacional, com a sociedade ou profissionais da área. “A reforma na educação é prioritária, mas precisa ser debatida, conversada”, defendeu ela.
“Nós sabemos pelo que nós estamos lutando. A nossa única bandeira é a educação. Somos um movimento apartidário. Nós nos preocupamos com a sociedade e com o futuro do país e é por isso que nós ocupamos as NOSSAS escolas.”
Ana Júiia também falou do projeto Escola Sem Partido, movimento criado pelo advogado Miguel Nagib, que prega a “neutralidade” de professores na sala de aula em relação a posições políticas e morais.
"É a popularmente conhecida como Lei da Mordaça, uma afronta. Uma escola sem partido é uma escola racista, uma escola homofóbica. É querer formar um exército de não-pensantes, um exército que ouve e abaixa a cabeça. E nós não somos isso", disse a estudante.
O discurso emocionado da estudante parece convencer pelo menos alguns dos parlamentares que estão presentes na sessão.
Mas o clima pesou quando Ana falou sobre a morte do estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, assassinado dentro da escola Santa Felicidade, em Curitiba, por um colega.
"Ontem eu estava no velório do Lucas. E eu não me recordo de nenhum destes rostos aqui. Eu convido vocês a olhar a mão de vocês. A mão de vocês está suja com o sangue do Lucas. Não só do Lucas, mas de todos os adolescentes estudantes que são vítimas disso", falou Ana, emocionada, aos políticos presentes na Assembléia.
O presidente da Casa, o deputado Ademar Traiano (PSDB), não gostou nada da afirmação de Ana Júlia e ameaçou encerrar a sessão. “Aqui ninguém está com a mão manchada de sangue não”, protestou.
Ana Júlia rebateu: “Eu peço desculpa, mas o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) nos diz que a responsabilidade pelos nossos adolescentes, pelos nossos estudantes é da sociedade, da família e do Estado”, disse, sob aplausos de outros estudantes que estavam ali.