Este é o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), que deixou o cargo para concorrer ao governo do Estado. Apesar de ser pré-candidato a um cargo político pela segunda vez, ele repetiu nesta segunda (11) que não é político — é gestor.
"Não sou político, eu estou na política", afirmou Doria durante sabatina promovida hoje por SBT, UOL e Folha de S.Paulo.
A primeira vez que Doria usou esse discurso foi em 2015, quando ainda não tinha nem sido escolhido candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo.
"Quem tem de conhecer bem a cidade é quem vai administrar os bairros", disse Doria à revista Época, em 2015, durante a disputa das prévias tucanas.
"São Paulo tem 34 subprefeituras. Na nossa gestão, serão prefeituras regionais. Lá em Guaianases, vou respeitar a opinião de quem é de lá, porque eu não vivo em Guaianases. Ser gestor é isso. Delegar e acompanhar", completou.
Com o apoio de Geraldo Alckmin, padrinho político e então governador do Estado, Doria derrotou três políticos — o deputado Ricardo Trípoli e os vereadores Mario Covas Neto e Andrea Matarazzo — na disputa interna pela candidatura.
Depois de ser escolhido como candidato tucano à prefeitura paulistana, Doria não mudou o discurso.
"Nós temos nove candidatos à Prefeitura de São Paulo. Oito são políticos. O que não é político está aqui cedinho aqui, tomando café da manhã com vocês", ele disse em seu primeiro evento de campanha, segundo a Folha de S.Paulo.
Doria usou o discurso até nos vídeos oficiais, como este, em que diz: "Você nunca me viu antes concorrendo a qualquer cargo público, porque eu não sou político, sou administrador".
Já eleito, Doria continuou martelando que não é político.
Em entrevista à BBC Brasil em junho do ano passado, ele disse: "Eu me considero um gestor, um administrador. Eu não sou um político. Eu estou na política, não sou da política".
"Com este discurso tenho feito a gestão nesses primeiros seis meses. E isso tem nos dado um índice de aprovação superior a 70% e assim vamos continuar", concluiu o então prefeito.
No início deste ano, Doria articulou para abandonar o cargo e virar o candidato tucano ao governo de São Paulo — e, de novo, saiu vitorioso dentro do partido.
"São Paulo não perde um gestor. São Paulo ganha dois gestores. Um no governo e outro na prefeitura", disse Doria no dia em que sua candidatura foi confirmada, referindo-se a si próprio e ao vice Bruno Covas, que assumiu a prefeitura.
Ao deixar a prefeitura, em abril deste ano, Doria tinha sua pior avaliação, segundo o Datafolha: 47% dos paulistanos consideravam sua gestão "ruim" ou "péssima", oito pontos percentuais a mais do que a pesquisa anterior, feita em novembro de 2017.