"Esse jato não é meu, se fosse meu já tava com uns rodão cromado, rebaixado e com um paredão pra meter meus forró!", escreveu no Instagram o youtuber Whindersson Nunes, dono do segundo maior canal brasileiro na plataforma.
Atrás dele, um jatinho modelo Phenom 100, fabricado pela Embraer, esperava para levá-lo a um de seus shows pelo país.
O avião não pertence a Whindersson, mas também não é da empresa que alugou para ele. Isso porque a Flapper é um aplicativo que oferece, por meio de parcerias com companhias de aviação executiva, assentos em jatinhos particulares.
"A empresa nasceu como uma resposta à falta de primeira classe no Brasil", diz o polonês Paul Malicki, CEO e um dos fundadores, ao BuzzFeed News.
Criada há 1 ano, a Flapper começou a operar em novembro do ano passado. Para os próximos meses, a companhia pretende lançar um serviço de assinatura que, por um preço fixo mensal, oferecerá viagens à vontade entre São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte e o litoral norte paulista.
Desde o início, a empresa reuniu entre seus clientes atores globais, cantores, famosos de Instagram — em suma, celebridades e subcelebs em todo o espectro da fama. Além, é claro, de executivos de empresas. Ou, como diz Malicki, "nosso público são viajantes frequentes com renda acima de R$ 10 mil por mês".
No café do hotel em São Paulo em que tinha apresentado a Flapper a executivos e investidores, em evento do banco BTG Pactual, Malicki mostra o feed de fotos na conta da empresa no Instagram, com imagens de passageiros como o ex-jogador Ronaldo Nazário, a atriz Karina Bacchi e o apresentador Rodrigo Bocardi.
Todos eles, diz o executivo, pagaram pelas viagens — segundo Malicki, a empresa não pratica permutas com celebridades em troca de propaganda.
As rotas oferecidas também ajudam na seleção natural dos viajantes: por enquanto, há passagens entre algumas capitais, incluindo o eixo Rio-São Paulo, e para locais de turismo de luxo, como Morro de São Paulo (BA), Angra dos Reis (RJ), Búzios (RJ) e o litoral norte paulista.
Entre capitais, as passagens custam em média R$ 750, a depender da distância e da demanda. Voos entre Rio e São Paulo já saíram por cerca de R$ 500 por passageiro, valor que, a depender das condições, pode ser competitivo em relação à aviação comercial.
"Quando você compra em cima da hora, a gente às vezes é até mais barato", afirma Malicki, que também é ex-sócio da Easy Taxi, vendida à rival espanhola Cabify.
A principal parceria da Flapper é com a empresa de aviação executiva Icon Aviation, mas o aplicativo oferece viagens até em jatinhos particulares. "Tendo esse serviço, algumas famílias [donas de jatinhos] aceitam emprestar seus aviões", diz.
Atualmente, há cerca de 100 aeronaves parcialmente à disposição da companhia. O objetivo, diz o executivo, é aumentar o mercado de aviação executiva no Brasil e torná-lo mais eficiente.
"Nos Estados Unidos, é um mercado cinco vezes maior do que aqui, levando em conta a proporção per capita", afirma. "Ninguém quer investir na aviação por causa da crise, e nós enxergamos uma oportunidade."