O ex-deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) — que se demitiu do cargo de assessor do presidente da República na noite desta terça-feira (23) — foi o quarto auxiliar de Michel Temer (PMDB) a deixar o Palácio do Planalto em meio a suspeitas de corrupção, desde dezembro.
Mabel foi citado em ao menos duas delações, da Odebrecht e da Hypermarcas.
Segundo narrou o delator Henrique Valladares, ex-executivo da Odebrecht, Mabel participou da articulação para manter Mário Rogar como titular da diretoria de Engenharia de Furnas, em 2008, durante a construção da Usina de Santo Antônio, em Rondônia, conforme revelou o BuzzFeed Brasil em 31 de março.
Em troca da manutenção de Rogar no cargo, segundo o delator, a empreiteira teria pago R$ 10 milhões.
Já Nelson Mello, da Hypermarcas, afirmou em seu acordo de colaboração que Mabel recebeu propina após fazer uma emenda que beneficiaria a empresa em uma Medida Provisória aprovada no Congresso.
“Não sabia então que a emenda era de Sandro Mabel, apenas ficou implícito que pela força do Eduardo Cunha, ele estava por trás da emenda”, disse Mello no depoimento, segundo a revista Época.
Mabel não respondeu às acusações. Em entrevista à GloboNews, o agora ex-assessor de Temer disse ter pedido demissão por razões pessoais.
Outros três assessores que dividiam o 3º andar do Planalto com Temer saíram do governo sob suspeitas, desde dezembro.
Em operação deflagrada também na terça (23), o ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu Filippelli (PMDB) — que também era assessor especial do presidente Temer — foi preso.
Ele é acusado de receber propina da Andrade Gutierrez, entre 2013 e 2014, pelo contrato de construção do Mané Garrincha, estádio de Brasília na Copa do Mundo. Executivos da empreiteira o delataram em acordo com os procuradores.
O advogado José Yunes foi o primeiro a pedir demissão, em dezembro, após reportagem do BuzzFeed Brasil revelar que o delator Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, disse ter operacionalizado a entrega de R$ 1 milhão em espécie no escritório dele.
Yunes deixou o governo e disse ter sido "mula involuntária" do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), que seria o destinatário final do "pacote" — o advogado disse não saber se havia dinheiro no embrulho.
O segundo foi o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), filmado pela Polícia Federal recebendo R$ 500 mil da JBS em uma operação controlada.
Ele já havia deixado o cargo no Planalto em março, para assumir o mandato na Câmara — Rocha Loures era suplente de Osmar Serraglio (PMDB-PR), que assumiu o Ministério da Justiça após a saída de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal.