Membros da cúpula da Caixa Econômica Federal, incluindo o presidente do banco, Gilberto Occhi, aderiram ao plano de demissão voluntária e receberão os benefícios da proposta, mas não deixarão os cargos comissionados que ocupam.
Além de Occhi, ao menos três vice-presidentes do banco aderiram ao plano, segundo o BuzzFeed Brasil apurou. Estão na lista Antônio Carlos Ferreira (Corporativo), Fábio Lenza (Produtos de Varejo) e Roberto Derziê (Governo).
Nenhuma regra impede o presidente e os vices de aderirem ao plano, porque todos são funcionários de carreira do banco — os quatro ingressaram na Caixa por meio de concurso, nos anos 1980.
De acordo com as normas internas do banco, apenas diretores-executivos são obrigados a deixar os cargos caso peçam demissão. Atualmente, dos 12 vice-presidentes da Caixa, 9 são funcionários de carreira.
Procurada, a Caixa disse em nota ao BuzzFeed Brasil que fez uma consulta à Comissão de Ética da Presidência da República sobre a possibilidade de seus dirigentes aderiram ao plano. O órgão deve emitir um parecer sobre o tema até o final do mês, segundo o banco.
"A Caixa esclarece que não haverá nenhuma homologação de demissão de dirigentes do banco enquanto a comissão não der seu parecer", concluiu o banco em nota — leia a íntegra no final deste texto.
O principal benefício oferecido pela Caixa a quem aderir é o pagamento de até dez salários extras. No comunicado interno sobre o PDV, não fica claro se as indenizações do presidente e dos vices devem ser calculadas com base nos salários atuais ou levando em conta a remuneração que recebiam no último cargo que ocuparam como funcionários de carreira.
Um decreto de 2012, editado após a Lei de Acesso à Informação entrar em vigor, permite que o banco não divulgue a remuneração de seus dirigentes. O valor exato não é público, mas cada membro da cúpula recebe por volta de R$ 40 mil ao mês.
O prazo para adesão ao plano já foi encerrado, mas funcionários que assinaram o termo podem voltar atrás. A meta da Caixa era que 10 mil aderissem ao PDV — segundo o banco, porém, pouco mais de 4.600 fizeram a opção.
Occhi marcou um compromisso este mês no Sindicato dos Bancários, quando deverá homologar a própria demissão, segundo apurou o BuzzFeed Brasil.
Durante meses a Caixa discutiu internamente os detalhes do plano de demissão voluntária, medida que faz parte de um esforço de estatais controladas pelo governo federal para reduzir custos operacionais.
O martelo foi batido no final de dezembro, em reuniões com a presença de Occhi, conforme o BuzzFeed Brasil revelou no início deste ano.
Ex-ministro do governo Dilma, Occhi foi escolhido para presidir a Caixa antes de o impeachment ser concluído.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente de sua sigla, anunciou Occhi como o escolhido em maio do ano passado, dias antes de Dilma ser afastada pela Câmara.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, era contra indicações políticas a cargos nos bancos públicos. Nos bastidores, Meirelles tentou barrar a escolha de Occhi.
Desde 2010, o banco aumentou consideravelmente o número de agências — nesse período, foram abertas 1.329 novas. Ao todo, o banco possui cerca de 4.200 agências e pontos de atendimento.
Um dos motivos para a forte expansão foram os programas sociais oferecidos pelo governo federal — como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida – que usavam a Caixa como agente financeiro.
Leia a íntegra da nota da Caixa.
Com relação ao PDVE, a Caixa informa que consultou a Comissão de Ética Pública da Presidência da República sobre a adesão de empregados que ocupam cargos da alta administração. A comissão deve se manifestar em relação à consulta no fim deste mês. A Caixa esclarece que não haverá nenhuma homologação de demissão de dirigentes do banco enquanto a comissão não der seu parecer.