Késia Lemos da Vitória, 16 anos, e Ellen Machado Gouveia, 14, são duas das vítimas da onda de violência que atinge o Espírito Santo. Melhores amigas, elas foram encontradas mortas, com tiros na cabeça, em uma área de difícil acesso, em Fundão (ES).
Késia estava grávida.
Segundo familiares, as adolescentes saíram para uma festa no domingo (5) à tarde e não voltaram mais. Os corpos só foram encontrados dois dias depois, na terça-feira (7) à tarde.
"Minha irmã era uma menina que gostava de sair, é só o que eu tenho para falar agora", afirmou Thalita, 19, parente de Késia.
Fotos da cena do crime foram compartilhadas em grupos de Facebook e no WhatsApp, antes mesmo de a polícia confirmar as mortes às famílias.
O BuzzFeed Brasil teve acesso às certidões de óbito, que registram a causa da morte em termos técnicos: "ação perfuro contundente", o que significa um tiro de arma de fogo.
Investigadores que falaram à reportagem nos últimos dias, em condição de anonimato, afirmaram que boa parte das mortes registradas até agora ocorreram em situações parecidas: tiros fatais, à queima-roupa, sem possibilidade de defesa da vítima.
Ou seja, assassinatos com características de execução.
Até agora, no entanto, os órgãos oficiais se recusam a passar informações sobre os homicídios dos últimos dias. Nesta quinta (9), o Sindicato da Polícia Civil (Sindipol) deixou de divulgar números de mortos. O governo do Estado não fornece o dado.
O BuzzFeed Brasil pediu acesso ao boletim de ocorrência — um documento público — das mortes de Késia e Ellen à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e à delegacia de Fundão (ES), onde o caso foi registrado. Sem sucesso.
O último balanço divulgado pelo Sindipol dava conta de que mais de 100 pessoas haviam sido mortas desde sábado (4).
Essa informação, no entanto, pode estar incorreta.
Nesta quinta, o Sindipol fará uma assembleia para decidir se a Polícia Civil também começará uma paralisação.