Dos 263 deputados que votaram contra o prosseguimento da denúncia contra Michel Temer (PMDB), 211 foram favoráveis à saída da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em maio de 2016.
A maioria dos deputados que foram contra Dilma e a favor de Temer faz parte dos quatro principais partidos da base de apoio ao governo.
Foram principalmente deputados de PMDB (44), PP (27), PSDB (21) e DEM (20) — partido do presidente da Casa, Rodrigo Maia (RJ). PMDB e PP, na época, eram da base aliada da petista.
Na votação do impeachment de Dilma no ano passado na Câmara, a petista foi derrotada por 367 contra 137 deputados a seu favor. Ontem, o placar favorável a Temer foi de 263 a 227.
Nesta semana, o Palácio do Planalto intensificou a liberação de emendas e de cargos para convencer deputados a salvar Temer.
Um dos articuladores da estratégia foi o ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy (PSDB-BA). Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, ele negociou contrapartidas até mesmo dentro do plenário, com a votação já em andamento.
A estratégia de Temer contou também com a exoneração de 10 ministros, incluindo Imbassahy, que retomaram seus mandatos na Câmara e votaram a favor do chefe.
Na linha de frente da oposição à petista, Imbassahy era à época líder do PSDB na Câmara, e declarou no início do voto: "É fundamental que cada um de nós aqui nesse plenário tenha consciência do seu papel e da responsabilidade nessa hora."
E completou: "Hoje é o dia decisivo em que vamos escolher o Brasil que queremos daqui para frente."
Ontem, para votar a favor de Temer, Imbassahy foi mais sucinto: "Eu voto com o parecer do competente deputado Paulo Abi-Ackel [PSDB-MG]. Eu voto sim."