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20 coisas que você talvez não saiba sobre os prédios mais famosos de São Paulo

Livro recém-lançado narra a história da união de interesses entre construtoras, arquitetos e o mercado imobiliário paulistano dos anos 1950 e 60, que permitiu a difusão da arquitetura modernista na cidade.

Uma rara e feliz união entre os interesses de construtoras, arquitetos inovadores e o mercado imobiliário foi fundamental para a difusão da arquitetura modernista em São Paulo nos anos 1950 e 60.

É sobre esse fenômeno que o jornalista Raul Juste Lores, repórter da Folha de S.Paulo, escreve no livro "São Paulo nas alturas — A Revolução Modernista da Arquitetura e do Mercado Imobiliário nos anos 1950 e 1960", recém-lançado pelo selo Três Estrelas (R$ 59,90), que pertence ao jornal.

"Sem os mecenas excêntricos de Nova York e Barcelona, alguns dos melhores traços esculpidos sobre São Paulo surgiram graças ao mercado imobiliário. E foram financiados, em prestações, pela classe média", escreve Juste Lores na introdução da obra.

Calcadas em extensa bibliografia, além de dezenas de entrevistas feitas pelo autor, as 291 páginas do livro detalham à minúcia as décadas mais frutíferas da arquitetura modernista na maior cidade brasileira.

Edifícios como o Copan, símbolo paulista da obra de Oscar Niemeyer, o Matarazzo — atual sede da Prefeitura de São Paulo — e o Altino Arantes (Banespão) têm suas histórias contadas da compra do terreno à venda das últimas unidades.

Abaixo, o BuzzFeed Brasil separou 20 curiosidades que aparecem no livro.

1. O edifício Matarazzo, atual sede da Prefeitura de São Paulo, de estilo neoclássico, foi projetado pelo arquiteto italiano Marcello Piacentini, que fez diversas obras para o ditador fascista Benito Mussolini.

2. O escritor Mário de Andrade chamou o imóvel de "tumor fascista" em um artigo publicado no jornal Folha da Manhã, em 1944. Ele escreveu: "Ninguém ignora que os ítalo-brasileiros miliardários de São Paulo se tomaram de pavor diante dos berros e ameaças do sr. Mussolini. Até a serem controlados se sujeitaram, dizem. De tudo isso, o edifício Matarazzo há de ficar (ficará?) como denúncia arquitetônica entre nós. Porque ele é berro e paúra, música de pancadaria deslumbrante e deslumbrante subserviência."

3. Os prédios da Bienal, no parque Ibirapuera, demoraram cerca de 2 anos para serem projetados e inaugurados. Os primeiros edifícios foram inaugurados em 1953, e os últimos em agosto do ano seguinte.

4. O Copan é o mais alto edifício projetado por Oscar Niemeyer no Brasil. Ele é 15 metros mais alto que as torres do Congresso Nacional.

5. "Um pé onde você trabalha, outro onde você mora." Foi esse o slogan usado nas propagandas para vender apartamentos no Copan.

6. "Copan", aliás, é uma sigla para Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo, empresa criada pelos construtores do edifício para administrar um hotel que ficaria ali, de acordo com o projeto original.

7. Esse projeto, que acabou não vingando, foi concebido pelo escritório de arquitetura Holabird & Root, em Chicago (EUA). Ele previa três prédios retangulares dispostos no terreno em zigue-zague.

8. Inspirado no Empire State, que demorou 1 ano para ser construído e foi inaugurado em 1931 em Nova York, o edifício Altino Arantes — conhecido como Banespão — levou 8 anos para ser erguido.

9. Os primeiros prédios residenciais de São Paulo, como o Montreal (1954), eram registrados na prefeitura como hotéis. Tudo porque, na época, uma das regras de construção para imóveis residenciais proibia que banheiros não tivessem janelas — veto que não ocorria a hotéis.

10. O primeiro prédio residencial na avenida Paulista foi o Anchieta (foto abaixo), na esquina com a rua da Consolação — em cujo térreo fica o restaurante Riviera.

11. A construção do edifício foi encomendada em 1941 pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (Iapi), durante o Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-45), e os apartamentos seriam destinados a funcionários do órgão. Porém, "ao final da obra, foi o alto escalão do Iapi que teve preferência para ocupar as unidades", escreve Juste Lores.

12. O arquiteto alemão Franz Heep, fundador da construtora que levava seu sobrenome, foi pioneiro na construção de quitinetes em São Paulo, nos anos 50. É o caso do edifício Arapuan, na rua Martins Fontes, onde ele morou — não em uma quitinete, como seus vizinhos, mas na espaçosa cobertura.

13. Sua obra mais famosa em São Paulo é o Edifício Itália, à época o arranha-céu mais alto da cidade.

14. O prédio pertence ao Círculo Italiano e foi projetado após um concurso promovido nos anos 1950. Quatro escritórios de arquitetura concorreram, e Heep era o único que não era descendente de italianos.

15. Nos anos 50, concursos promovidos pelas construtoras se tornaram corriqueiros na cidade, pois eram uma maneira que as empresas usavam para atrair projetos interessantes ou revelar novos arquitetos.

16. Algumas construções feitas após concursos: o estádio do Morumbi (projetado em 1952), o Clube Paulistano (1957), a Congregação Israelista Paulista (1954) e o hospital Albert Einstein (1953).

17. O arquiteto David Liberskind era recém-formado, aos 26 anos, quando começou a projetar o Conjunto Nacional para a construtora do empresário José Tijurs.

18. Tijurs, inclusive, virou um dos moradores do prédio. Seu apartamento ocupava o 24º e o 25º andar do edifício residencial e tinha até um canil.

19. A Galeria do Rock e a Galeria do Reggae, no centro da cidade, foram construídas nos anos 1960, época em que diversos edifícios do tipo foram erguidos na cidade. Seus nomes verdadeiros são, respectivamente, Grandes Galerias e Galeria Presidente.

20. Ambas as construções foram concebidas pelo casal de arquitetos italianos Maria Bardelli e Ermano Siffredi. Como não validaram seus diplomas no Brasil, eles jamais assinaram seus projetos.

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