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Catador morto por policial militar corre o risco de ser enterrado como indigente

Nenhum familiar foi reconhecer o corpo do carroceiro Negão, que foi identificado pela polícia como Ricardo Silva Nascimento, de 39 anos.

O corpo do catador morto a tiros por um policial militar na quarta (12), em São Paulo, ainda não foi identificado por familiares e pode acabar enterrado como indigente.

A polícia o identificou como Ricardo Silva Nascimento, 39 anos — nas primeiras notícias sobre o caso, o sobrenome era outro. Outros carroceiros dizem que ele era conhecido como Negão.

Nascimento foi morto a tiros na tarde de quarta, por volta das 18h, na rua Mourato Coelho próximo à esquina com a Teodoro Sampaio — uma das áreas mais movimentadas do bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

Segundo testemunhas, dois policiais militares chegaram após o catador pedir comida em um comércio local.

Nascimento estaria agitado, de acordo com quem presenciou a cena, e em determinado momento segurou um pedaço de madeira — os relatos sobre quando isso aconteceu são conflitantes. Foi aí que um dos policiais militares atirou duas vezes no homem, que foi atingido no coração e no fígado.

O boletim de ocorrência registra a versão dos PMs. De acordo com o relato, "eles faziam patrulhamento a pé no bairro quando se depararam com um desentendimento entre Ricardo e uma outra pessoa".

Segundo os policiais, ao tentarem intervir na confusão, "Ricardo pegou um pedaço de madeira e avançou. Na tentativa de se defender, um deles disparou contra o rapaz que foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos".

Nesta tarde, o site da revista Veja São Paulo publicou um vídeo de câmera de segurança em que é possível ver o catador sendo atingido por ao menos um dos tiros — não dá para saber, com certeza, se os dois disparos aparecem na gravação.

Os policiais envolvidos no caso foram afastados, segundo o site Ponte Jornalismo, e serão investigados pela Corregedoria da PM.

Nascimento foi levado ao Hospital das Clínicas, que fica a aproximadamente 1 km de distância do local dos disparos, mas não resistiu aos ferimentos. Ele foi transportado na mala de um carro da PM.

Agora, o corpo de Nascimento está preservado no Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), órgão ligado à USP, que também administra o Hospital das Clínicas. Até agora, nenhum familiar apareceu para reconhecê-lo, e, conforme a lei municipal, o corpo pode ser enterrado como indigente caso ninguém apareça em até 14 dias.

A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que ficou responsável pela investigação, disse em nota à imprensa que as duas cápsulas disparadas pelo PM, bem como o pedaço de madeira que estava com Nascimento, foram recolhidas para apuração técnica da investigação.

Nesta tarde, a ONG Pimp My Carroça, cujo trabalho é dar mais visibilidade a catadores de lixo reciclável, realizou uma manifestação no local da morte de Nascimento. O principal grito de guerra foi pelo fim da Polícia Militar.

Os participantes seguiriam até o 14º DP, a algumas quadras dali, no qual o boletim de ocorrência foi registrado. O grupo também pintou com tintas branca e vermelha o local em que Nascimento levou os tiros.

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