O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) defendeu nesta terça (6), em evento do banco BTG Pactual, uma reforma gradual da Previdência, começando por servidores públicos, com a idade mínima e o tempo de contribuição aumentando aos poucos.
Falando a uma plateia composta por investidores e executivos, o presidenciável adotou discurso nacionalista na economia: defendeu que o país diminua as importações e busque aumentar a competitividade dos produtos brasileiros.
O pré-candidato criticou especialmente a presença da China no agronegócio e na mineração do Brasil. "É uma ameaça nacional", disse. "Visitei a região produtora de grafite de Miracatu (SP) e vi muita gente de olho puxado que está ali fazendo pesquisa há décadas, não podemos permitir isso", ele continuou.
"A China não está comprando no Brasil, está comprando o Brasil."
Este foi o primeiro evento público de Bolsonaro — que deve disputar a Presidência pelo PSL — desde que seu principal adversário, o ex-presidente Lula (PT), foi condenado em segunda instância. A Lei da Ficha Limpa determina que condenados em segunda instância, como no caso do líder petista, fiquem inelegíveis.
Há uma semana, o Datafolha divulgou a primeira pesquisa de intenção após a condenação de Lula em segunda instância. Bolsonaro aparece na primeira colocação no principal cenário sem o petista, com 18% das intenções, seguido de Marina Silva (Rede, 13%), Ciro Gomes (PDT, 10%), Geraldo Alckmin (PSDB, 8%) e Luciano Huck (sem partido, 8%).
Essa liderança se refletiu durante o encontro do BTG. A plateia aplaudiu Bolsonaro principalmente durante os momentos em que ele falou sobre segurança pública e temas sociais.
Dentre suas opiniões, Bolsonaro destacou que a polícia tem que "entrar na favela" para matar traficantes que não se renderem, que o MST é um "movimento terrorista", e que a "ideologia de gênero" deve acabar.
Ao fim da palestra, Bolsonaro teve reuniões reservadas com executivos e investidores.
Intitulado CEO Conference, o evento do BTG Pactual acontece anualmente há 19 edições. A plateia é composta por executivos de transnacionais, grandes investidores e analistas políticos.
Tradicionalmente, o evento não permite que a imprensa assista às apresentações — Bolsonaro criticou ao menos dois jornais durante sua exposição, a Folha de S.Paulo e a Zero Hora.
Instado a opinar sobre o uso de sua cota parlamentar e o auxílio-moradia dado a membros do Judiciário, o deputado defendeu os gastos e, mais uma vez, criticou reportagens sobre o patrimônio dele e de sua família.