Os candidatos-celebridades fazem mal para a política brasileira?

Um cientista político acredita que isto é "legítimo" e aponta os lados bons e os ruins dos famosos nas eleições.

De quatro em quatro anos, aparece a lista de celebridades de popularidade que resolveram se lançar como candidatas a cargos políticos.

Os famosos às vezes quebram a monotonia do horário eleitoral, é verdade, mas também são caras-de-pau. A sensação que fica é que algo errado está acontecendo.

Vanessa Deleu / Divulgação

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E surgem as perguntas: como e por quê isso começou no Brasil? Será que os candidatos-celebridades fazem mal para a política?

O BuzzFeed Brasil conversou com o cientista político Leonardo Barreto sobre a questão. Ele classifica a relação entre celebridades e política como "algo completamente legítimo".

OSCAR CABRAL/VEJA

"O que está envolvido nisso é a possibilidade de transferir a popularidade obtida em algum campo da vida (artes, esportes, entretenimento, etc) para o campo da política", diz Leonardo.

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Ele lembra que a candidatura de celebridades não é algo novo, nem um fenômeno exclusivamente brasileiro. "Lembre-se, por exemplo, do ex-presidente americano Ronald Reagan..."

Reagan começou a carreira como ator de filmes B.

"...e também do ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger."

Esse você já sabe.

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"Além da atriz pornô Cicciolina, que foi deputada na Itália."

Um dos primeiros casos de celebridades entrando para a política no Brasil foi o do cantor Agnaldo Timóteo, eleito deputado federal do RJ em 1982.

Ele se elegeu pelo PDT com uma votação recorde de mais de 500 mil votos.

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"No campo do futebol, isso é ainda mais antigo, com presidentes e ídolos de clubes também se tornando deputados federais, como Márcio Braga (Flamengo), Eurico Miranda (Vasco), Roberto Dinamite (Vasco), Romário, entre outros", diz Leonardo.

Porém, ele reconhece que nos últimos tempos isso se tornou uma estratégia forte de alguns partidos políticos.

http://Reprodução/eleicoes2014.com.br

"Especialmente em um momento em que os políticos estão em descrédito, eles buscam usar a popularidade e a credibilidade que algumas personalidades têm junto aos seus fãs a seu favor", diz Leonardo. E ele acredita que o número de celebridades entrando para a política deve aumentar com o passar dos anos.

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"Por um lado, as celebridades vêm nas eleições uma oportunidade de agregar um outro tipo de ganho com a popularidade que ele tem ou vislumbram ganhos financeiros."

Se eras tão "José Rico" (e com um amigo chamado "Milionário"), por que te candidatastes a deputado federal por Goiás?

"E, por que não, percebem também uma oportunidade de trabalhar para a coletividade, vide Romário e Jean Willys que são ótimos parlamentares", diz Leonardo.

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Segundo o cientista, os partidos enxergam nos famosos uma escada para reunir votos e bombar o quociente eleitoral que permitirá a entrada os seus quadros tradicionais.

"O caso mais famoso foi a votação recorde do Tiririca que acabou 'puxando' Valdemar Costa Neto, que atualmente se encontra preso por causa do envolvimento com o Mensalão", diz.

"Então, não acho que isso seja necessariamente bom ou ruim para a democracia. E mesmo a eleição do Tiririca suscitou um debate muito importante."

Tiririca foi eleito em 2011 um dos melhores deputados do ano, reconhecido pela sua assiduidade nas sessões. Mas, de acordo com o analista político Antônio Augusto de Queiroz, o mérito de Tiririca apenas foi "não ser o escândalo que imaginavam que seria".

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Na opinião de Leonardo, talvez o equívoco esteja na regra do quociente eleitoral ou no voto proporcional, que faz com que alguns partidos usem essas celebridades como "laranjas" para promoverem candidatos tradicionais.

Dr Rey está no mesmo partido de Bolsonaro e Marco Feliciano. Sabemos disso há algum tempo, mas ainda continua algo inacreditável.

"De resto, acho que isso faz parte da democracia e sempre fará, pois o político, no final das contas, também é um celebridade da sua cidade, do seu estado ou do seu país", diz o Leonardo.

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