Modelo de calendário polêmico não sabia que RG seria usado em campanha transfóbica

Rafaela Manfrini disse ao BuzzFeed Brasil que foto do documento foi masculinizada e nome foi alterado. Modelos não sabiam do teor da campanha, acusada de transfobia.

Esta é a maquiadora e modelo Rafaela Manfrini, uma das seis transexuais que participaram do polêmico calendário produzido pela agência Leo Burnett Tailor Made, acusado de transfobia.

Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, Rafaela, de 29 anos contou que não sabia que sua imagem seria usada para uma campanha real.

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"Na verdade nos passaram que era um teste e que o cliente seria a Fiat. Sabíamos que ia concorrer ao festival de Cannes! Mas apenas isso," disse a maquiadora que ficou bastante surpresa com a repercussão do caso.

"Já tem muito tempo, e nós assinamos o contrato que era específico para o uso de nossa imagem! Só descobrimos tudo quando o calendário saiu", completou.

As fotos foram feitas em 2013.

Outra susto foi a publicação de seu suposto RG na campanha. "Fomos pegas de surpresa, antes da maquiagem, e ainda por cima masculinizaram nossos rostos no computador. Não tínhamos noção de que iam colocar um RG fictício", disse.

Rafaela explicou que apesar das imagens do RG serem das modelos, mesmo que modificadas, os nomes que aparecem nos documentos foram alterados. "Como os nomes eram fictícios deixamos pra lá", disse.

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A maquiadora afirmou ainda que gostaria de ter sido informada "Eu me senti enganada. Eles pagaram um cachê razoável. Podiam até ter dito, quem sabe toparíamos. Na verdade, a propaganda é péssima, mas a arte não".

"Realmente só descobrimos tudo quando o calendário saiu. No auge das emoções, não nos sentimos tão ofendidas! Estamos acostumadas com coisas piores", conclui Rafaela.

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