O adeus de Adriana Calcanhotto mostra o quanto precisamos do movimento LGBT

Preconceito e falta de tato da imprensa mostram que ainda temos uma jornada longa.

Morreu ontem a cineasta Susana de Moraes, a esposa da cantora Adriana Calcanhotto.

Leo Aversa/ facebook.com

A filha de Vinícius de Moraes, de 74 anos, teve câncer no endométrio e lutava contra a doença há dois anos.

Reservada, Adriana divulgou uma nota emocionante para a imprensa:

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Fui a mulher mais feliz do mundo nestes 26 anos em que estive com ela", comentou Adriana. "Uma grande mulher, inteligente, engraçada, culta, amiga dos amigos, que teve uma vida extraordinária, e que viveu cada segundo como nunca mais. Morreu de mãos dadas comigo. Foi-se o amor da minha vida.

Juntas há 26 anos, elas só puderam oficializar a união estável em 2010, ou seja depois de duas décadas de relacionamento.

Apesar de já ter afirmado à revista Época que "não gosta da patrulha para que você precise sair do armário", Adriana nunca escondeu a relação.

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A morte de Susana involuntariamente trouxe algumas questões sobre a importância do papel do movimento LGBT hoje no Brasil.

Primeiro em como a imprensa lida ao falar sobre a homoafetividade e também em como o público em geral acha ok ser homofóbico e levar isso a público, em especial na internet.

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O Fuxico, o R7 e o EGO trataram Susana apenas como "companheira" de Adriana, mesmo citando o casamento nos títulos.

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O Ego também utilizou o termo na galeria de fotos e na matéria.

Já as caixas de comentários dos portais evidenciam como as pessoas se sentem confortáveis em ofender e cometer homofobia publicamente:

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A razão disso acontecer é que não existe geralmente nenhum tipo de preocupação da imprensa em tratar do tema de forma correta para combater a homofobia. Também no país não há uma lei que criminaliza o preconceito contra gays como acontece com questões raciais, que impedem jornais de usar o termo "criolo" em uma notícia.

O projeto de lei que propunha a criminalização da homofobia, o PLC 122/2006, foi arquivado no começo de janeiro.

Vale lembrar que na nota no Jornal Nacional, ontem à noite, William Bonner disse: "Susana era casada com a cantora Adriana Calcanhoto", assim como a revista Quem e o Portal Terra.

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Atualização 28/01, 15h55:

O uso do termo "homofobia" aqui no post se deu essencialmente pelo fato das leis citadas utilizarem o termo.

Entendemos que "lesbofobia" é o termo mais correto ao se referir ao caso de Susana e Adriana, assim como a "homolesbotransfobia" é o ideal para se falar do preconceito contra LGBTs como um todo. Porém diante do desconhecimento de quem não milita, preferimos nos ater ao termo mais disseminado. Esperamos contribuir ao longo do tempo para que estes termos considerados mais adequados sejam disseminados de forma clara e didática.

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